Abrigo em Lviv acolhe animais resgatados durante guerra na Ucrânia
Rostyslav Averchuk
Lviv (Ucrânia), 11 ago (EFE).- Desde o início da guerra na Ucrânia, o Lar para Animais Resgatados, em Lviv, ajudou a salvar mais de 4 mil animais na zona de combate, inclusive com missões arriscadas de resgate nas linhas de frente.
Orest Zalipski, diretor da instituição, explicou à Agência Efe que, antes da invasão russa, o centro era especializado em cuidar de animais exóticos e silvestres.
O local recebia raposas resgatadas de centros ilegais de treinamento de caçadores, cegonhas feridas e guaxinins cujos donos os entregaram quando perceberam que não podiam ser mantidos em um apartamento.
No entanto, quando as bombas russas começaram a chover em Kiev, Kharkiv (norte) e Dnipro (centro), Zalipski começou a receber ligações de pessoas que não podiam levar seus animais de estimação para o exterior ou para abrigos temporários instalados em escolas ou centros esportivos.
"Esta é a Galia", disse ele, apresentando uma águia de cauda branca que chegou de Kharkiv nos primeiros dias da invasão.
"Seus mestres a usavam para negócios e cobravam de pessoas em áreas turísticas para tirar fotos com ela. Quando tudo virou de cabeça para baixo em fevereiro, eles a enviaram para nós de trem pela Ucrânia", lembrou.
No entanto, era evidente que nem todos os animais podiam ser transportados dessa maneira e que, embora a maioria das pessoas não deixasse seus animais de estimação para trás, o número daqueles que foram abandonados era de milhares.
Assim, Zalipski decidiu viajar para a linha de frente e tentar salvar o maior número possível. Juntamente com sua equipe e vários amigos poloneses, ele seguiu cinco vezes para Irpin, ao norte de Kiev, e para as cidades de Kharkiv e Donetsk.
"O que vimos em alguns lugares foram cidades mortas onde não havia uma alma, além de cães e gatos de rua. Pegamos o máximo que pudemos", diz ele.
Zalipski mostra um lêmure e vários macacos e papagaios de um zoológico perto de Kharkiv, a poucos quilômetros das tropas russas. "Eles estavam em bom estado, mas era muito arriscado para eles ficarem lá", afirmou.
A missão de resgate também colocou sua equipe em risco. Um dia depois de serem levados, um voluntário de 14 anos foi morto por artilharia russa lá, disse, acrescentando que durante o tempo em que estiveram no zoológico, antes de serem deslocados por uma contraofensiva ucraniana, os russos comeram vários animais.
Dado o que eles deixam para trás, muitos dos mais de 4 mil animais que passaram pelo abrigo sofrem de ansiedade.
"Alguns cães são agressivos, alguns tentam fugir toda vez que ouvem trovões, porque isso os lembra de bombardeios", explicou Zalipski, cuja equipe oferece tratamento veterinário e cuidados aos animais e tenta encontrar novos lares o mais depressa possível.
Eles também estão encarregados de preparar os documentos para os animais que serão transportados para o exterior, geralmente para a Polônia, embora o diretor do centro mencione que uma reserva natural espanhola acolheu um casal de lobos.
As opções são limitadas, pois poucas pessoas podem adotar animais de estimação no contexto da guerra, embora voluntários apareçam todos os dias, muitos dos quais também fugiram das linhas de frente. EFE
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