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Só 10% dos caçadores caçaram javali e o uso das armas é incerto, diz TCU

Do UOL, em São Paulo (SP)

07/03/2024 04h00

Entre 2019 e 2022, apenas 10,37% dos caçadores registrados no país saíram para caçar.

Dos 574.661 registros no período, apenas 59.610 fizeram um pedido ao Ibama para caçar. Assim, o destino e o uso das armas em circulação são incertos.

O diagnóstico está presente em um relatório sigiloso do TCU (Tribunal de Contas da União) feito a pedido da Câmara dos Deputados, em Brasília, e obtido pelo UOL.

Na última sexta (1º), reportagem do UOL mostrou que o Exército ignorou alertas do Ibama de que a caça ao javali foi usada como pretexto para a compra e transporte de armas.

Segundo documentos do órgão ambiental obtidos pela reportagem, 111 mil pessoas cadastradas, em 2022, jamais haviam caçado. A situação foi considerada "fraude" pelo Ibama.

Os militares são responsáveis pelos registros e fiscalização do armamento dos CACs (Colecionadores, Atiradores e Caçadores). O Ibama autoriza e monitora as caçadas.

A auditoria do TCU afirma que, dos 50 maiores acervos de caça no Brasil, apenas em 22 deles os caçadores haviam feito pedido para caçar.

O javali é o único animal com permissão para ser caçado legalmente no país. Durante o governo Bolsonaro, porém, o relatório aponta desvio de finalidade.

"Somente uma pequena parte dos caçadores registrados efetivamente realizam o abate dos javalis exóticos, de modo que há uma redução do potencial de controle dessas espécies", diz o texto.

"Esse desvio finalístico" também "amplia as oportunidades de extravios para fins criminosos".

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