Tutu e Jolie apoiam campanha da ONU para encerrar situação de apátridas
Por Emma Batha
LONDRES (Thomson Reuters Foundation) - O ganhador do prêmio Nobel arcebispo Desmond Tutu e a atriz Angelina Jolie apoiaram uma ambiciosa campanha global, nesta terça-feira, para encerrar a condição de pelo menos 10 milhões de pessoas apátridas, que não têm um país para chamar de lar.
Uma criança apátrida nasce a cada 10 minutos, disse a agência da ONU para refugiados, o Acnur, no lançamento da campanha “Eu Pertenço”. Sem nenhuma nacionalidade, elas crescerão para se tornar as pessoas mais invisíveis e desamparadas do planeta.
“Não ter uma pátria faz as pessoas sentirem que sua própria existência é um crime”, disse o chefe do Acnur, António Guterres. “Temos uma oportunidade histórica de encerrar o problema dos sem pátria dentro de 10 anos, e devolver a esperança a milhões de pessoas.”
Apátridas têm negados direitos e benefícios que a maioria das pessoas nem consideram no dia a dia. Estes "fantasmas legais” frequentemente vivem destituídos de direitos e correm altos riscos de serem presos e explorados, inclusive escravisados.
“Isso é absolutamente inaceitável. É... uma anomalia no século 21”, disse Guterres.
Guterres, Jolie e Tutu estão entre uma série de líderes de opinião e celebridades que assinaram uma carta aberta pedindo por “10 milhões de assinaturas para mudar 10 milhões de vidas”.
Outros que assinaram incluem a iraniana ganhadora do prêmio Nobel, Shirin Ebadi, a cantora de ópera Barbara Hendricks, o músico sul-africano Hugh Masekela, o escritor afegão Khaled Hosseini e a modelo Alek Wek.
“Apatridia pode significar uma vida sem educação, sem tratamento médico ou emprego legal… uma vida sem a capacidade de se mover livremente, sem possibilidades ou esperança. Apatridia é desumano”, diz a carta. "Acreditamos que é hora de encerrar essa injustiça.”
A questão de apátridas exacerba a pobreza, cria tensões sociais, separa famílias e pode até mesmo alimentar conflitos.
As pessoas perdem sua nacionalidade por uma série de motivos. Algumas se encontram nesse estado quando países se desmancham e novos são criados. Outras são apátridas devido à discriminação étnica ou religiosa por leis em 27 países que evitam que as mulheres transfiram sua nacionalidade para seus filhos.
A maior população apátrida está em Mianmar, onde mais de 1 milhão de pessoas da etnia rohingya tiveram sua nacionalidade negada.
Outros países com altos números de apátridas incluem Costa do Marfim, Tailândia, Nepal, Letônia e República Dominicana.
A ONU alertou que o conflito na Síria pode aumentar o número de novos apátridas. Mais de 50 mil bebês nasceram de refugiadas sírias que foram para países vizinhos. Muitos não têm certidões de nascimento, o que pode ser um problema para eles mais pra frente.
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