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Corte Europeia inicia julgamento sobre morte de Jean Charles pela polícia britânica

Parentes de Jean Charles acompanham audiência em tribunal em Estrasburgo - Por Gilbert Reilhac
Parentes de Jean Charles acompanham audiência em tribunal em Estrasburgo Imagem: Por Gilbert Reilhac

Em Estrasburgo

10/06/2015 11h10

A morte do brasileiro Jean Charles de Menezes, de 27 anos, pela polícia britânica na sequência dos atentados de 2005 em Londres poderia ter sido evitada, disse uma defensora pública da Grã-Bretanha no tribunal superior de direitos humanos da Europa nesta quarta-feira, acrescentando que o incidente, contudo, não equivalia a assassinato.

O Tribunal Europeu dos Direitos Humanos iniciou as audiências sobre a ação da Grã-Bretanha quase dez anos depois que a polícia disparou sete vezes na cabeça de Jean Charles quando ele embarcou em um trem do metrô no sul de Londres.

Eles o confundiram com um dos quatro homens que tentaram realizar um atentado no sistema de transporte público de Londres no dia anterior, um ataque que foi frustrado pela polícia duas semanas após quatro jovens muçulmanos britânicos terem matado 52 pessoas e cometido suicídio, em atentados em três trens do metrô e um ônibus - o pior ataque na Grã-Bretanha em época de paz.

A polícia alega que estava sob extrema pressão na época, à procura de quatro homens-bomba que haviam tentado cometer assassinato em massa, e os agentes que atiraram em Jean Charles temiam pela própria vida e a de outros passageiros no trem.

A defensora britânica Clare Montgomery reafirmou a posição oficial de que a morte de Jean Charles não constituía assassinato, embora reconhecendo falhas operacionais graves. "Um homem inocente foi morto a tiros pela polícia quando ia trabalhar em Londres. Sua morte foi o resultado de uma série de graves falhas operacionais da Polícia Metropolitana. Não há dúvida de que sua morte poderia e deveria ter sido evitada", disse Clare à corte.

Em 2007, a Polícia Metropolitana foi considerada culpada, como organização, por violar leis de saúde e segurança e multada em 175.000 libras (270.130 dólares). Mas, apesar de repetidos pedidos da família de que os policiais envolvidos ou seus superiores fossem punidos, os promotores disseram que não havia provas suficientes para tomar medidas contra quaisquer indivíduos.

"Há 10 anos a nossa família tem feito campanha por justiça para Jean, porque acreditamos que os policiais deveriam ter sido responsabilizados pela sua morte", disse Patricia Armani da Silva, prima de Menezes, em um comunicado. "Para nós, a morte de Jean é uma dor que nunca vai terminar."