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Candidato da oposição tem vantagem nas intenções de voto na Argentina, dizem analistas

Por Nicolás Misculin
Imagem: Por Nicolás Misculin

Nicolás Misculin

Em Buenos Aires

03/11/2015 20h03

O candidato da oposição na Argentina, Mauricio Macri, está na frente de Daniel Scioli, candidato do governo, nas intenções de voto, disseram analistas e especialistas consultados pela Reuters, diante de uma eleição presidencial que pode terminar com 12 anos de regime peronista de centro-esquerda.

Os especialistas afirmaram que ainda é muito cedo para divulgar os números, já que estão processando seus primeiros levantamentos depois do primeiro turno de 25 de outubro, no qual Scioli se impôs por diferença tão pequena que comprometeu as suas chances para o segundo turno que ocorrerá daqui a pouco mais de duas semanas.

No entanto, eles concordaram que Macri, o candidato preferido dos mercados, tem a maior possibilidade de conquistar a Presidência depois do surpreendente bom desempenho que teve no primeiro turno.

"Macri tem uma vantagem no segundo turno. Melhorou sua imagem e seu posicionamento porque foi a surpresa da eleição", disse Roberto Bacman, da consultoria CEOP.

Scioli, da Frente para a Vitória, coalizão que governa o país desde 2003, alcançou 36,9% dos votos, e Macri, da aliança "Mudemos" teve 34,3%. Sergio Massa, deputado do peronismo de oposição, ficou com 21,3%.

Os eleitores de Massa são agora desejados pelos candidatos. Ainda que muitos possam apoiar o governo, espera-se que no segundo turno haja uma forte rejeição à gestão da presidente Cristina Kirchner, que tem política de forte intervenção estatal e cuja retórica agressiva desperta amor e ódio entre os argentinos.

"Vai ser difícil para o governo reverter a tendência. Nós tínhamos números [antes do primeiro turno] com uma vantagem para Scioli sobre Macri no segundo turno de três ou quatro pontos, mas com uma diferença inicial de oito pontos no primeiro turno", declarou a diretora da consultoria Management & Fit, Mariel Fornoni.

"Scioli caiu dois, e Macri subiu três pontos", acrescentou ela, ressaltando que agora é Macri que tem vantagem.

A eleição de outubro foi uma derrota para o "kirchnerismo", como o governo é conhecido, não só pelos números decepcionantes do primeiro turno, mas também porque perdeu a província de Buenos Aires, historicamente governada pelo peronismo e atualmente por Scioli.

"Imediatamente depois da eleição se produziu uma onda a favor da oposição, fruto principalmente do triunfo em Buenos Aires. O que vimos nos primeiros números [das pesquisas eleitorais] foi que havia uma onda vencedora do 'Mudemos'", disse o analista Ricardo Rouvier.