Governo da Venezuela e oposição anunciam abertura de diálogo em meio a protestos
Por Diego Oré e Anggy Polanco
CARACAS/SAN CRISTÓBAL (Reuters) - O governo da Venezuela e a oposição anunciaram nesta segunda-feira de forma surpreendente a realização de negociações no fim de semana para tentar encerrar o impasse político vivido pelo país, que se agravou desde a suspensão de um referendo que tinha o objetivo de remover o impopular presidente Nicolás Maduro.
Os dois lados vão se encontrar na ilha caribenha de Margarita no domingo, sob mediação do Vaticano, da Unasul e de três ex-chefes de Estado.
"Pelo menos estamos instalando um diálogo entre a oposição e o governo legítimo", disse Maduro em Roma após se encontrar com o papa Francisco, que fez um apelo ao presidente venezuelano para que alivie o sofrimento do povo durante a grave crise econômica.
Negociações passadas entre os dois lados praticamente não tiveram progresso. A oposição diz que Maduro é um autocrata inepto que precisa deixar o poder para que a crise não aumente, enquanto o ex-motorista de ônibus e líder de sindicato promete se manter firme e não ceder ao que chama de tentativa de golpe da elite.
O líder da coalizão de oposição Jesus Torrealba foi cauteloso sobre as negociações. "Diálogo não pode significar uma estratégia do governo para ganhar tempo... É um espaço para se lutar por um país melhor para todos nós", disse após um encontro com o enviado do Vaticano em Caracas.
As notícias sobre as negociações aparentemente pegaram alguns membros da oposição de surpresa, o que pode reacender divisões internas dentro da ampla coalizão e irritar ativistas que consideram que Maduro não está comprometido seriamente com o diálogo.
A oposição convocou um protesto nacional para a quarta-feira, à medida que o terceiro ano de recessão da Venezuela tem levado muitas pessoas a fazer uma refeição a menos por dia devido à escassez de alimentos e à alta dos preços.
Não foi anunciada qualquer agenda para a negociação, mas a oposição tem apresentado queixas sobre o fracasso da sua tentativa de referendo para remover Maduro e o isolamento da Assembleia Nacional, enquanto o governo deve reiterar as acusações de que seus inimigos são culpados de planos de fraude, violência e golpe.
Durante um protesto nesta segunda-feira, líderes estudantis disseram que 27 manifestantes ficaram feridos em confrontos com as forças de segurança na cidade de San Cristóbal, na fronteira com a Colômbia.
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