Crédito no Brasil cai 3,9% no ano e BC deve piorar projeções
Por Marcela Ayres
BRASÍLIA (Reuters) - O estoque total de crédito no país prosseguiu em queda em outubro, retrato da cautela dos bancos em financiar e dos consumidores em tomar empréstimos com o país mergulhado em recessão, cenário que já faz o Banco Central admitir nova piora nas suas expectativas para o ano.
Nos 10 primeiros meses de 2016, o tombo no saldo geral de financiamentos foi de 3,9 por cento. Na comparação de outubro sobre setembro, o recuo foi de 0,5 por cento, a 3,095 trilhões de reais, equivalente a 50,3 por cento do Produto Interno Bruto (PIB). Esse patamar vem caindo mês a mês desde junho.
Segundo dados divulgados pelo BC nesta quinta-feira, a diminuição no estoque de crédito brasileiro alcançou 2,0 por cento em 12 meses, mesmo percentual estimado pelo BC para a contração que deve ser vista em 2016. Se confirmado, seria o pior resultado anual e o primeiro no vermelho na série histórica para saldos iniciada pela autoridade monetária em março de 2007.
Mas o BC já admite a possibilidade de piorar sua perspectiva diante do desempenho visto até aqui.
"Se há algum risco paras projeções, é para baixo. É possível que de fato tenhamos uma retração maior do que a prevista", afirmou o chefe adjunto do Departamento Econômico do BC, Renato Baldini, acrescentando que os novos números serão divulgados apenas no mês que vem.
Ele avaliou que a surpresa negativa estaria mais associada ao comportamento do crédito direcionado, que conta com taxas controladas e é destinado basicamente à produção e ao investimento de médio e longo prazo nos setores imobiliário, rural e de infraestrutura, incluindo com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
"O crédito livre já vinha numa tendência de arrefecimento mais forte já desde 2014 inclusive. Mas o crédito direcionado desacelerou mais fortemente ano passado e continua nessa tendência neste ano", disse.
Em outubro, o crédito direcionado caiu 0,7 por cento sobre setembro, enquanto o crédito livre, que conta com taxas livremente definidas pelas instituições financeiras, sofreu queda de 0,2 por cento.
DADOS DE OUTUBRO
A inadimplência no segmento de recursos livres manteve-se estável em outubro a 5,9 por cento, apesar do avanço do encarecimento das condições de financiamento e da persistência de um quadro de deterioração do mercado de trabalho.
Os juros médios no mesmo segmento renovaram em outubro o patamar mais alto da série histórica iniciada pelo BC em março de 2011, a 54,0 por cento ao ano, contra 53,4 por cento em setembro.
Isso ocorreu apesar de o BC ter diminuído a Selic a 14,00 por cento em outubro, primeira redução nos juros básicos em 4 anos.
Por sua vez, o spread bancário, que mede a diferença entre o custo de captação e a taxa efetivamente cobrada pelos bancos ao consumidor final, avançou a 42,2 pontos percentuais em outubro, também recorde, contra 41,2 pontos percentuais em setembro.
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