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Mercado de crédito no Brasil deve crescer 2% em 2017, após recuar 3% em 2016, diz BC

23/12/2016 13h07

BRASÍLIA (Reuters) - O Banco Central prevê que o mercado de crédito brasileiro crescerá 2 por cento em 2017, metade do enxergado pelo setor bancário, após cair 3 por cento em 2016, estimativa que foi piorada pela autoridade monetária nesta sexta-feira em meio à forte recessão que vive o país.

Até então, o BC previa que o estoque de crédito recuaria 2 por cento neste ano. Se confirmado, o desempenho de 2016 representará o pior resultado anual e o primeiro no vermelho na série histórica para saldos iniciada em março de 2007.

Mesmo indo para o campo positivo no ano que vem em termos nominais, o saldo geral de financiamentos continuará entregando um resultado pior que a inflação, a exemplo do que aconteceu em 2015 e em 2016, num reflexo da cautela dos bancos em financiar e da falta de apetite de famílias e empresas pela tomada de empréstimos diante do horizonte econômico incerto.

Se confirmada, a expansão esperada pelo BC para o crédito em 2017 também virá abaixo dos 4 por cento previstos pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban).

Segundo o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Túlio Maciel, as contas do BC consideram, sobretudo, a expansão da economia.

"Temos que ter em mente que estamos saindo de um ano de retração da atividade econômica para um crescimento de 0,8 (por cento do PIB na projeção do BC). Então não é o crescimento apenas per si. É a mudança na dinâmica da atividade", afirmou.

Ele ressaltou, por outro lado, que a relação crédito/PIB deve cair de 49 por cento em 2016 para 48 por cento em 2017.

"Isso está em linha com processo de desalavancagem que a gente tem observado e que está em curso, tanto das famílias, quanto das empresas", destacou Maciel, em referência à tendência de menor endividamento em meio às incertezas.

Para o ano que vem, a perspectiva é de que o estoque de crédito direcionado suba 2 por cento, contra recuo de 1 por cento neste ano. Já para o estoque do crédito livre, a autoridade monetária também estimou avanço de 2 por cento em 2017, contra retração de 5 por cento em 2016.

BANCOS PÚBLICOS

O avanço no estoque de crédito brasileiro no próximo ano deverá ser puxado, nas contas do BC, pelos financiamentos concedidos pelos bancos públicos. A expectativa é que este saldo suba 3 por cento em 2017, ante diminuição de 2 por cento neste ano.

Para os bancos privados nacionais, o BC vê expansão de apenas 1 por cento no ano que vem, mesmo percentual enxergado para 2016.

Já para as instituições privadas estrangeiras, a estimativa é de alta de 2 por cento em 2017, contra retração de 16 por cento neste ano, performance negativa diretamente afetada pela migração da carteira do HSBC para o Bradesco após a conclusão da compra da instituição.