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Rússia vê ato hostil em medida dos EUA para armar melhor rebeldes da Síria

27/12/2016 14h33

Por Andrew Osborn

MOSCOU (Reuters) - A Rússia disse nesta terça-feira que a decisão dos Estados Unidos de amenizar restrições para armar os rebeldes sírios abriu caminho para a entrega de mísseis antiaéreos portáteis – uma medida que, segundo Moscou, irá ameaçar diretamente suas forças na Síria.

No ano passado a Rússia iniciou uma campanha de ataques aéreos na Síria para ajudar o presidente sírio, Bashar al-Assad, e seus aliados a reconquistarem territórios perdidos para os rebeldes, alguns dos quais são apoiados por Washington.

A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores russa, Maria Zakharova, disse que a mudança de abordagem, que suaviza as restrições a suprimentos de armas, foi exposta em um novo projeto de lei de gastos de defesa dos EUA e que Moscou encarou o gesto como um ato hostil.

O presidente norte-americano, Barack Obama, um crítico contundente na intervenção russa na Síria, sancionou o projeto anual de defesa na semana passada.

"Washington depositou suas fichas no suprimento de ajuda militar a forças antigoverno que não diferem muito de cortadores de cabeça sedentos de sangue. Agora, a possibilidade de supri-los com armas, inclusive complexos móveis antiartilharia, foi redigida neste novo projeto de lei", disse Zakharova em um comunicado.

"Na gestão de B. Obama eles precisam entender que quaisquer armas entregues irão parar rapidamente nas mãos de jihadistas", acrescentou.

A decisão norte-americana é uma ameaça direta à Força Aérea russa, a outros militares russos e à embaixada russa em Damasco, afirmou Zakharova. "Nós, portanto, vemos a medida como um ato hostil".

Zakharova acusou o governo Obama de tentar "colocar uma mina" na gestão do próximo presidente eleito, Donald Trump, ao tentar fazer com que esta continue o que classificou como "linha antirrussa" de Washington.

Nas últimas semanas o governo Obama ampliou a lista de russos afetados por sanções que impôs a Moscou por conta de suas ações na Ucrânia.

(Reportagem adicional de Peter Hobson em Moscou e Tom Perry em Beirute)