Polícia britânica faz buscas após ataque descrito por premiê como ato doentio contra jovens
Por Michael Holden e David Milliken
MANCHESTER (Reuters) - A primeira-ministra britânica, Theresa May, disse nesta terça-feira que o ataque suicida com uma bomba que matou 22 pessoas em um show de música lotado foi um ato doentio dirigido a crianças e jovens, e a polícia realizou buscas em casas na cidade de Manchester em busca de possíveis cúmplices.
O Estado islâmico, que está sendo expulso de territórios na Síria e no Iraque por forças apoiadas pelo Ocidente, reivindicou a autoria do ataque. Mas alguns especialistas descartaram essa hipótese, observando que não havia evidência de envolvimento direto do grupo e que detalhes da reivindicação do grupo --em duas mensagens contraditórias-- contrastavam com descobertas da polícia britânica.
A polícia anunciou que um homem de 23 anos foi preso por conexão com o ataque, realizado na noite de segunda-feira, quando as pessoas começavam a sair de um show da cantora norte-americana Ariana Grande, que atrai um grande número de fãs jovens e adolescentes.
A polícia também vasculhou uma propriedade no bairro de Fallowfield, onde realizou ainda uma explosão controlada. Testemunhas no bairro de Whalley Range disseram que policiais armados cercaram um prédio residencial recém-construído em uma rua arborizada normalmente tranquila.
A cidade do norte da Inglaterra continuou em alerta, com policiais armados adicionais recrutados. O prefeito de Londres, Sadiq Khan, disse que mais policiais também foram enviados para as ruas da capital britânica.
Em uma declaração feita após uma reunião com os chefes de segurança e inteligência, a premiê May disse que a polícia acreditava conhecer a identidade do homem-bomba.
"Todos os atos de terrorismo são covardes", disse. "Mas esse ataque se destaca por sua terrível covardia doentia, visando deliberadamente crianças e jovens inocentes e indefesos que deveriam estar desfrutando uma das noites mais memoráveis de suas vidas".
O ataque ocorre menos de três semanas antes de uma eleição nacional no Reino Unido, e foi o mais letal no Reino Unido desde que quatro muçulmanos britânicos mataram 52 pessoas em atentados suicidas no sistema de transporte londrino, em 2005
Ataques em cidades como Paris, Nice, Bruxelas, São Petersburgo, Berlim e Londres chocaram os europeus já ansiosos pelos desafios de segurança da imigração em massa e pelos bolsões do radicalismo islâmico. O Estado Islâmico tem ordenado repetidamente ataques em retaliação ao envolvimento ocidental nos conflitos na Síria e no Iraque.
DESESPERO E CAOS
Testemunhas relataram o horror da explosão de Manchester, que desencadeou uma correria assim que o show terminou na maior arena coberta da Europa, cuja capacidade é de 21 mil pessoas.
"Corremos, as pessoas gritavam ao nosso redor e empurravam nas escadas para sair e as pessoas caiam, as meninas estavam chorando, e vimos essas mulheres sendo tratadas por paramédicos com feridas abertas nas pernas... foi um caos", disse Sebastian Diaz, de 19 anos.
“Foi literalmente apenas um minuto depois que terminou, as luzes acenderam e a bomba explodiu".
Um vídeo postado no Twitter mostrou fãs, na maioria jovens, gritando e correndo para fora da arena. Dezenas de pais buscavam freneticamente por seus filhos, postando fotos e pedindo por informações nas redes sociais.
Líderes mundiais expressaram solidariedade com os britânicos.
O presidente dos EUA, Donald Trump, falou com May por telefone e concordou que o ataque foi "particularmente indecente", disse a Casa Branca.
A cantora Ariana Grande, de 23 anos, disse no Twitter: "Despedaçada, do fundo do meu coração, eu sinto muito, não tenho palavras".
May disse que seus pensamentos estavam com as vítimas e suas famílias. Ela e Jeremy Corbyn, líder do Partido Trabalhista, de oposição, concordaram em suspender a campanha temporariamente.
O Estado Islâmico, enquanto reivindicava responsabilidade em sua conta do Telegram, parecia contradizer a descrição da polícia britânica de um suicida. Sugeriu que dispositivos explosivos teriam sido colocados "no meio de uma reunião de cruzados".
“O que virá a seguir será ainda mais severo para os adoradores da cruz”, disseram os militantes em post no Telegram.
(Reportagem adicional de Alistair Smout, Kate Holton, David Milliken, Elizabeth Piper, Paul Sandle e Costas Pitas, em Londres; Mark Hosenball, em Los Angeles; John Walcott, em Washington; Leela de Kretser, em Nova York; Omar Fahmy, no Cairo; e Ben Blanchard, em Pequim)
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