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Extrema-direita alemã enfrenta divisões após 3º lugar nas eleições

25/09/2017 08h55

BERLIM (Reuters) - Divisões emergiram no partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD) nesta segunda-feira, um dia depois de a legenda ficar em terceiro lugar em uma eleição nacional, depois que sua colíder disse que não se sentará ao lado de seus correligionários no Parlamento alemão.

Frauke Petry, considerada por muito tempo como a política de maior destaque do AfD, mas menos visível nos últimos meses, saiu intempestivamente de uma entrevista coletiva depois de afirmar que assumirá sua vaga, mas que não fará parte do grupo parlamentar do partido.

"Decidi que não serei parte do grupo do AfD no Parlamento alemão, mas inicialmente serei um membro independente do Parlamento na câmara baixa", disse Frauke.

Ela fez o anúncio surpreendente depois que o AfD conquistou 12,6 por cento dos votos na eleição de domingo, o que fará de seu partido o primeiro de extrema-direita na legislatura alemã em mais de meio século.

"Acho que deveríamos admitir hoje que existe uma discórdia de conteúdo no AfD, e acho que não deveríamos apressar as coisas porque a sociedade está pedindo um debate aberto", disse Frauke em uma coletiva de imprensa conjunta com outros líderes partidários.

Ela disse que seu objetivo é provocar uma "guinada conservadora" no Parlamento em 2021, a próxima vez em que o país deverá realizar uma votação nacional.

"Farei tudo que puder para conseguir isso, de forma que as ideias sensatas nas quais o AfD vem trabalhando desde 2013 se tornem uma realidade política", acrescentou.

Frauke não quis responder novas perguntas, inclusive se permanecerá como colíder do AfD, mas disse que o público terá notícias suas nas próximas semanas.

Alexander Gauland, um dos principais candidatos do AfD, disse que nem ele, nem a outra principal candidata, Alice Weidel, nem o colíder Joerg Meuthen sabem por que Frauke saiu.

O partido, criado em 2013 por um grupo de acadêmicos opostos ao euro, vem sendo prejudicado por disputas internas há tempos. Comentaristas previram que estas divisões podem se ampliar com sua entrada no cenário político nacional.

Em abril Frauke causou consternação ao anunciar que não comandaria a campanha da legenda. Ela se chocou com partidários do alto escalão por defender um rumo mais moderado.

Ela disse que o AfD deveria estar disposto a se unir a governos de coalizão, mas outros disseram que o partido deveria se manter na oposição. Todos os partidos convencionais se recusam a trabalhar com a sigla

(Por Michelle Martin)