Reformar Previdência agora vai adiar mudança radical, diz Temer
(Reuters) - O presidente Michel Temer disse nesta quarta-feira que reformar agora a Previdência permitirá adiar uma mudança radical do sistema previdenciário, ao mesmo tempo que afirmou que, se a medida não for aprovada, não haverá um candidato na eleição do ano que vem que não será cobrado sobre o tema.
Em discurso na cerimônia de criação da Zona de Processamento de Exportação do Porto de Açu, na cidade de São João da Barra, no Rio de Janeiro, Temer voltou a afirmar que a reforma é “fundamental” e disse que será aprovada na Câmara dos Deputados em fevereiro “se Deus quiser”.
“A (reforma da) Previdência, se nós não fizermos agora, não haverá um candidato a governador, não haverá um candidato a presidente, não haverá um candidato a deputado federal, a senador, que não tenha que tocar no assunto. Porque será cobrado a respeito da reforma da Previdência”, disse o presidente, em referência à proximidade das eleições, um dos principais fatores que dificultam um apoio mais expressivo à reforma.
A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da reforma da Previdência sofre resistências mesmo entre aliados do governo, que temem prejuízos eleitorais caso votem a favor da medida.
“E sobre ser cobrado, ainda quando tiver que fazê-la, terá que fazer uma reforma muito mais radical. Radical do tipo daquelas que ocorreram em Estados europeus, em que houve corte de pensão de 20, 30 por cento, houve corte de vencimento de servidores públicos”, argumentou.
Segundo Temer, a resistência à reforma “já não é tão grande” à medida em que os pontos da reforma vão sendo esclarecidos. Por se tratar de uma PEC, são necessários os votos favoráveis de 308 dos 513 deputados em dois turnos de votação.
“Portanto, quando fazemos agora uma transição na Previdência, uma reforma da Previdência, estamos adiando essa, digamos assim, radicalidade com que se há de fazer a reforma da Previdência mais adiante”, afirmou, acrescentando que “de tempos em tempos” há necessidade de uma “revisão” da Previdência do país.
(Por Eduardo Simões, em São Paulo)
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