Netanyahu diz a Macron que acordo nuclear irá morrer e é necessário atacar "agressão" do Irã
O líder de Israel pediu nesta terça-feira (5) para a França voltar sua atenção a combater a "agressão regional" do Irã. Segundo declarou Benjamin Netanyahu , não é mais necessário convencer Paris a deixar o acordo nuclear de 2015, assinado entre potências mundiais e Teerã, pois a pressão econômica irá encerrá-lo de qualquer maneira.
Netanyahu estava em Paris para conversas com o presidente francês, Emmanuel Macron, como parte de uma viagem para persuadir signatários europeus - Reino Unido, França e Alemanha - a seguirem a ação de Washington de buscar uma posição dura sobre o Irã. Os Estados Unidos deixaram o acordo no começo de maio e recolocarem sanções sobre Teerã.
"Eu não pedi para a França se retirar do JCPOA (sigla em inglês para o acordo do Irã) porque eu acho que ele será basicamente dissolvido pelo peso de forças econômicas", disse Netanyahu em entrevista coletiva conjunta com Macron.
"Se você tem um acordo ruim, você não precisa cumpri-lo, especialmente se você vê que o Irã está conquistando um país depois do outro e você não consegue separar isto da agressão do Irã na região (Oriente Médio)."
As três potências europeias estão lutando para salvar o acordo - sob o qual o Irã restringiu seu programa nuclear em troca de suspensão de sanções internacionais - pois classificam o pacto como a melhor chance de impedir Teerã de desenvolver uma bomba atômica.
Israel mantém que o Irã enganou o Ocidente em um acordo unilateral e que o país planeja usar o intervalo de sanções para aumentar suas reservas financeiras antes de retornar em ampla escala o enriquecimento de urânio para futuras armas nucleares.
Macron não pareceu receptivo ao argumento de Netanyahu.
"Eu falei ao primeiro-ministro sobre minha profunda convicção, que é compartilhada com nossos parceiros europeus, de que o acordo precisa ser preservado para garantir controle de atividade nuclear", manifestou na mesma entrevista.
Trump sempre criticou o tratado
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sempre foi crítico do acordo de 2015, feito por seu antecessor Barack Obama, alegando que o pacto não cobria o programa de mísseis balísticos do Irã, o papel do país em guerras no Oriente Médio ou o que aconteceria após o acordo expirar, em 2025.
As potências europeias compartilham essas preocupações, mas dizem que o acordo, também negociado com a China e com a Rússia, é a melhor maneira de impedir Teerã de desenvolver capacidade de armas nucleares.
Macron reiterou que deseja iniciar novas negociações sobre as outras causas de preocupação para Washington.
O Irã diz há tempos que deseja energia nuclear somente para usos civis e que seus mísseis balísticos são somente para propósitos defensivos e não são negociáveis, e que possui todo direito de apoiar seus aliados envolvidos em conflitos regionais.
Pressão financeira
As potências europeias estão tentando criar um pacto para comércio com o Irã contra renovadas sanções financeiras norte-americanas para dissuadir Teerã de deixar o acordo.
Mas o alcance global do sistema financeiro dos EUA, forçando companhias a escolherem entre duas opções inconciliáveis - vender para o Irã ou para o vasto mercado norte-americano - está afastando os limites de esforços europeus para criar mecanismos financeiros que possam proteger o comércio retomado com Teerã.
Isso deixou a Europa sob pressão.
"Se o Irã não conseguir garantias financeiras em petróleo e acesso ao sistema financeiro, então eu não vejo o Irã se mantendo no acordo porque a pressão de linhas-duras (iranianas) está somente aumentando", disse uma autoridade ocidental.
"É bem possível que eles retomem capacidades de enriquecimento e pesquisa e desenvolvimento de centrífugas avançadas para mostrar aos europeus e ao mundo que estão sérios".
Na segunda-feira (4), o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, disse que havia ordenado preparações para aumentar capacidades de enriquecimento de urânio caso o acordo nuclear se desfizesse após a saída dos EUA.
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