Deportados após decreto de Trump, cidadãos da América Central lamentam perda de filhos
Por Delphine Schrank
CHOLOMA, Honduras (Reuters) - Antes de deportá-lo algemado na semana passada, agentes de imigração dos Estados Unidos devolveram ao postulante a asilo hondurenho Melvin García seus poucos objetos pessoais e uma pequena carteira azul pertencente à sua filha de 12 anos, Daylin, que ficou detida no país.
Sem saber quando voltará a vê-la depois de ser expulso dos EUA com uma ordem de deportação, García, de 37 anos, engrossa um número incerto de pais mandados para casa pelo governo Trump sem os filhos.
Frustrado por ver imigrantes e postulantes a asilo da América Central serem soltos com frequência para aguardar audiências judiciais, o presidente Donald Trump implantou uma política de "tolerância zero" em abril para processar todos os adultos que cruzem a fronteira EUA-México ilegalmente, inclusive aqueles viajando com crianças –o que aumentou dramaticamente a quantidade de famílias separadas na divisa.
Horas depois de voltar a Honduras sozinho no dia 21 de junho, García se recolheu a um barraco de concreto em um setor da cidade de Choloma controlado pela Barrio 18, uma de duas gangues cujas ameaças de morte ele disse terem causado sua fuga com Daylin em março.
Torturado pela ideia de que pode passar anos sem vê-la, García, todas as vezes que relembrava sua busca desesperada por Daylin na detenção dos EUA ele irrompia em lágrimas.
Trump voltou atrás na semana passada, ordenando o fim das separações familiares, mas o governo ainda tinha 2.047 crianças em custódia até terça-feira, disse o secretário de Saúde e de Serviços Humanos, Alex Azar, a um comitê do Senado norte-americano, acrescentando que reuni-las com os pais será difícil.
Na noite de terça-feira um juiz federal determinou que o governo deve reaproximar as famílias que foram separadas depois de entrarem no país, mas advogados de imigração alertaram que a situação é tremendamente complicada para os pais que foram enviados de volta para casa sem os filhos.
"Não existe uma estrutura em funcionamento, nenhuma estrutura legal em funcionamento para realmente reunificar os pais que já foram deportados", disse Jenna Gilbert, advogada que administra a filial de Los Angeles da organização de direitos legais Human Rights First.
Na semana passada a Reuters rastreou ao menos seis imigrantes da América Central que haviam sido deportados e cujos filhos continuavam em abrigos nos EUA ou, como no caso da filha de Garcia, sob custódia de cuidadores.
A ordem de deportação de Garcia, vista pela Reuters, não diz por quanto tempo ele está proibido de voltar aos EUA, mas o Departamento de Justiça norte-americano disse que pessoas deportadas em tais casos normalmente são impedidas de voltar por cinco anos ou mais.
(Reportagem adicional de Nelson Rentaría em San Salvador)
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