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De publicações no Twitter a bombas, ira de suspeito contra críticos de Trump virou ameaça real

26/10/2018 19h51

Por Joseph Ax

NOVA YORK (Reuters) - Muito antes de Cesar Sayoc ser preso na sexta-feira por enviar bombas caseiras a críticos do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o ex-stripper de 56 anos já havia mostrado sinais de violência, ameaçando enviar uma bomba a uma companhia de energia elétrica e postando textos ameaçadores online. 

Em 2002 ele foi acusado de ameaçar com bombas uma empresa de energia por tentar cortar seu fornecimento, dizendo a um representante da empresa que seria "pior que o 11 de setembro", de acordo com um relatório policial em Miami. Com o passar dos anos, ele foi preso por violência doméstica, roubo e fraude.

Nos últimos meses, Sayoc, um republicano registrado, ofendeu democratas como Hillary Clinton e Barack Obama no Facebook e postou ataques violentos contra o filantropo progressista George Soros no Twitter. Um dos tweets anti-Soros veio na última quarta-feira, dois dias depois que autoridades federais dizem que ele enviou uma bomba à residência de Soros.

Horas depois que as autoridades federais o prenderam em Plantation, na Flórida, seu histórico de empregos inconstante e seus posts em redes sociais começaram a oferecer um rascunho do homem cujas bombas rudimentares provocaram uma caça nacional.

Ele é acusado de enviar pacotes de bombas para Obama, Hillary e outras figuras públicas frequentemente atacadas por Trump. 

Sayoc já trabalhou como stripper, como lutador profissional, gerente de loja, e promotor de casas noturnas, de acordo com registros públicos, perfis de redes sociais e entrevistas de pessoas que já conviveram com ele. 

Sua van branca, que foi apreendida pelas autoridades, tinha diversos adesivos pró-Trump nas janelas, incluindo um de um desenho que mostra o presidente dentro de um tanque de guerra escrito "Trump". O carro também tinha várias fotos de Hillary e de outros democratas com alvos sobrepostos aos seus rostos. 

Não ficou imediatamente claro onde Sayoc estaria morando ou trabalhando mais recentemente. Seus perfis de redes sociais ofereciam contas variadas que não podiam ser verificadas.

David Cypkin, de 39 anos, um documentarista, lembrou ter visto a van estacionada fora de um shopping center perto de sua casa por mais de um ano, inclusive durante o último verão.

"Sempre tinha uma porta ou uma janela aberta, o que me levou a acreditar que sempre havia alguém dentro", disse Cypkin em uma entrevista por telefone. "Ficava lá durante a noite. Eu a vi dezenas de vezes por lá". 

POSTS RAIVOSOS 

As contas de redes sociais de Sayoc estão cheias de sentimentos anti-democratas e termos racistas.

Duas contas de Twitter que parecem pertencer a Sayoc são amplamente compostas por posts compartilhados criticando democratas importantes, incluindo Andrew Gillum, o candidato democrata ao governo da Flórida, e Soros. 

Duas semanas atrás, Sayoc ameaçou uma porta-voz democrata do Congresso no Twitter, após ela ter aparecido no canal Fox News. A publicação dizia que ela deveria "abraçar seus entes queridos muito forte toda vez que deixasse sua casa". A mulher, Rochelle Ritchie, o denunciou ao Twitter, mas a companhia decidiu que ele não havia violado nenhuma regra de conduta. 

Uma porta-voz do Twitter se negou a comentar, citando a existência de uma investigação policial.