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Merkel diz que renunciar liderança de partido não a enfraquecerá no palco global

30/10/2018 20h43

BERLIM (Reuters) - A chanceler alemã, Angela Merkel, minimizou receios de que sua renúncia à liderança de seu partido Cristão Democrata a deixe inapta a negociar efetivamente com líderes como o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ou o turco Tayyip Erdogan. 

Falando a jornalistas ao lado do presidente do Egito, Fattah al-Sisi, em Berlim para uma conferência sobre a África, Merkel disse que sua decisão de não contestar a eleição da liderança do partido lhe dá mais tempo para combater certas questões. 

"Eu não acredito que nada irá mudar sobre a posição de negociação nas negociações internacionais - você pode até dizer que eu terei mais tempo para me concentrar em meus deveres como chefe do governo", disse nesta terça-feira. 

Manfred Weber, candidato alemão do Partido do Povo Europeu (EPP) para substituir o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, disse que a decisão Merkel poderia libertá-la para adotar uma agenda mais visionária para a Europa.

Weber, membro do partido conservador da Baviera CSU, disse à rede ZDF que Merkel há muito era uma voz forte para a Europa, e que ela pode agora amplificar sua posição de liderança.

Especialistas em política dizem que as pressões da política doméstica evitam que Merkel avance mais significativamente em uma série de reformas europeias propostas pelo presidente francês, Emmanuel Macron. 

"Há também a chance de que ela possa liderar sem a pressão de que todas as suas decisões tenham de ser populares", disse Weber. "Temos de ter a coragem para olhar além dos caprichos de nossa política cotidiana e sermos mais visionários por que os próximos anos e décadas não serão agradáveis para o nosso continente". 

Weber, possível candidato a assumir a liderança do CSU, disse que as mudanças são claramente necessárias ao partido depois que este perder a maioria absoluta nas eleições regionais em 14 de outubro. 

(Reportagem de Thomas Escritt)