EUA querem cortar receitas do governo Maduro e direcioná-las para oposição venezuelana
Por Steve Holland e Mayela Armas
WASHINGTON/CARACAS (Reuters) - Os Estados Unidos trabalham para cortar as fontes de receita do governo venezuelano de Nicolás Maduro, para que seja o líder Juan Guaidó, autoproclamado presidente interino, o responsável por intermediar o recebimento das receitas com o petróleo do país, disse nesta quinta-feira um funcionário de alto escalão em Washington.
O anúncio, sem maiores detalhes, mostrou que a Casa Branca está disposta a ir além das medidas diplomáticas tradicionais para drenar os recursos de Maduro, que já precisa lidar com uma recessão de cinco anos e uma hiperinflação anual de mais de um milhão por cento.
Caso vá adiante, a manobra fortalece Guaidó, presidente da Assembleia Nacional dominada por opositores, que na quarta-feira prestou juramento como presidente interino em um ato improvisado nas ruas de Caracas, recebendo em seguida o apoio de Washington e de países vizinhos, como o Brasil, e europeus.
“Nós estamos focando hoje em desconectar o regime ilegítimo de Maduro de suas fontes de receita”, disse John Bolton, assessor de segurança nacional do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
“Acreditamos que isso seja coerente com nosso reconhecimento de Juan Guaidó como presidente interino constitucional da Venezuela, que essas receitas deveriam ir para o governo legítimo. É muito complicado”, afirmou Bolton a jornalistas na Casa Branca, acrescentando que a medida ainda está em estudo.
Os EUA são um dos principais compradores do petróleo venezuelano, que gera mais de 90 por cento das receitas em moeda estrangeira da Venezuela.
O Ministério da Informação venezuelano não respondeu de imediato a um pedido de comentário. Guaidó também não respondeu a uma mensagem sobre o assunto.
O apoio a Guaidó cresceu nesta quinta, com seu reconhecimento por Reino Unido e Espanha, mas em Caracas a cúpula militar do país continua respaldando Maduro.
Maduro indicou que os governos de México e Uruguai tomaram a iniciativa diplomática para buscar um acordo de paz na Venezuela. “Eu apoio essa iniciativa pelo diálogo”, disse.
Não será fácil, contudo, implementar a transição almejada por Guaidó sem que haja um controle claro sobre as principais instituições estatais e sem as Forças Armadas, que seguem fiéis a Maduro.
O ministro da Defesa, o general Vladimir Padrino, disse em um pronunciamento televisionado, nesta quinta-feira, que o ato de Guaidó foi “aberrante” e que os militares jamais reconheceriam como comandante-em-chefe alguém que não foi eleito.
“Uma pessoa, não sei por qual motivo... levantou a mão e se autoproclamou presidente”, disse Padrino. “Tudo que se faz sem sustentação jurídica, legal, constitucional, não tem destino feliz, está destinado ao fracasso”, acrescentou.
((Tradução Redação São Paulo, 5511 56447759)) REUTERS ES
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