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Reeleito deputado, Jean Willys se diz alvo de ameaças e anuncia que não tomará posse

24/01/2019 18h50

BRASÍLIA (Reuters) - O deputado federal Jean Willys (PSOL-RJ) não tomará posse para um novo mandato em fevereiro, apesar de ter sido reeleito em outubro, por causa de ameaças de morte que diz ter sofrido recentemente.

Willys, que tem histórico de duros embates com o presidente Jair Bolsonaro quando ele também era deputado, fez o anúncio em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, cujo teor foi confirmado pela equipe de gabinete do parlamentar do PSOL. Ele também publicou em sua conta no Twitter que preservar uma vida ameaçada também é uma forma de luta. O parlamentar disse ao jornal que deixará o Brasil.

"Preservar a vida ameaçada é também uma estratégia da luta por dias melhores. Fizemos muito pelo bem comum. E faremos muito mais quando chegar o novo tempo, não importa que façamos por outros meios! Obrigado a todas e todos vocês, de todo coração. Axé!", escreveu o deputado em sua conta no Twitter.

Willys, primeiro parlamentar abertamente gay do Brasil e defensor das causas LGBT, disse à Folha que tem sido acompanhado de escolta policial por conta das ameaças que sofre e também reclamou de ser alvo de notícias falsas divulgadas na Internet.

Ao jornal, ele também se referiu a Bolsonaro como "o presidente que sempre me difamou, que sempre me insultou de maneira aberta, que sempre utilizou de homofobia contra mim".

"Esse ambiente não é seguro para mim", disse o parlamentar.

Willys e Bolsonaro tiveram vários entreveros com direito a troca de ofensas mútuas. O parlamentar chegou a cuspir no hoje presidente durante a votação do impeachment da então presidente Dilma Rousseff. Posteriormente ele alegou que reagiu a uma ofensa dirigida a ele por Bolsonaro.

Willys será substituído pelo vereador do Rio de Janeiro David Miranda, também gay assumido e casado com o jornalista Glenn Grenwald, responsável pela revelação do escândalo de espionagem da Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA) vazado por Edward Snowden.

(Por Eduardo Simões e Maria Carolina Marcello)