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Guaidó buscará recursos em órgãos como FMI para financiar governo na Venezuela, dizem fontes

25/01/2019 18h58

Por Corina Pons e Mayela Armas

CARACAS (Reuters) - A equipe de Juan Guaidó, líder da oposição e do Congresso venezuelano que se autoproclamou presidente interino do país em desafio ao governo de Nicolás Maduro, avalia pedir apoio a organizações como o Fundo Monetário Internacional (FMI) para financiar seu governo interino, disseram nesta sexta-feira duas fontes com conhecimento das negociações.

"Estamos focados na questão internacional... O objetivo é levantar recursos", afirmou uma das fontes com conhecimento das primeiras medidas a serem tomadas pela oposição, aproveitando o apoio recebido dos Estados Unidos e de mais uma dezena de países.

Os assessores do presidente da Assembleia Nacional também consideram designar um representante junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e indicar um diretor para a Citgo, filial da petroleira estatal venezuelana nos EUA, como parte de uma estratégia para conseguir apoio financeiro internacional o mais rápido possível, acrescentaram as fontes.

No mesmo dia em que Guaidó se autoproclamou presidente diante de centenas de milhares de apoiadores, nesta semana, o presidente do BID, Luis Alberto Moreno, expressou no Twitter sua "vontade de trabalhar com o presidente interino da Venezuela".

Em uma entrevista coletiva no leste de Caracas nesta sexta-feira, Guaidó disse que as nomeações "virão em seu momento", mas destacou que "o BID é um espaço qualificado para começar a buscar recursos para executar o plano de país".

Organizações como o FMI não manifestaram apoio similar.

Caso outras organizações multilaterais reconheçam Guaidó, sua equipe avalia a possibilidade de emitir novos títulos da dívida no mercado internacional, mesmo diante da inadimplência do governo de Nicolás Maduro, desde o fim de 2017, com os proprietários da maior parte dos títulos do país.

"Os credores sabem que a Venezuela não pode pagar hoje sua dívida, mas poderiam sim negociar com um governo de transição", disse uma das fontes. A equipe de oposição também tenta aproximações com Rússia e China, a quem querem garantir o reconhecimento de compromissos pendentes.

"A prioridade é proteger os ativos e logo vem uma etapa mais complexa", disse Guaidó a jornalistas ao ser questionado sobre como seriam executadas tais medidas. "Para a utilização e disposição desses recursos se montará um arcabouço legal".

Quase no mesmo momento, Maduro disse em coletiva de imprensa estar disposto a continuar vendendo petróleo para os Estados Unidos, sob o argumento de que rompeu relações diplomáticas e políticas com o governo de Donald Trump e não com os EUA.

(Reportagem de Corina Pons e Mayela Armas)