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Guaidó faz apelo para que Reino Unido não libere ouro para Maduro

28/01/2019 11h44

Por Deisy Buitrago

CARACAS (Reuters) - O líder da oposição e autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, pediu às autoridades britânicas que não permitam que o presidente Nicolás Maduro tenha acesso a reservas de ouro guardadas no Banco da Inglaterra, banco central britânico, de acordo com cartas divulgadas por seu partido no domingo.

Maduro foi rejeitado por um grupo amplo de países que o acusam de minar a democracia, e um número crescente, entre eles Estados Unidos, Canadá, Brasil e outros países latino-americanos, vêm reconhecendo Guaidó como líder interino legítimo da conturbada nação integrante da Opep.

Desde o ano passado o governo Maduro vem tentando repatriar o ouro do Banco da Inglaterra por medo de que ele seja alvo de sanções internacionais contra sua gestão.

    As reservas saltaram para cerca de 1,3 bilhão de dólares depois que o Banco Central da Venezuela encerrou um acordo de troca de ouro com o Deutsche Bank, disseram fontes à Reuters na semana passada.

    Em cartas à primeira-ministra britânica, Theresa May, e ao presidente do Banco da Inglaterra, Mark Carney, Guaidó disse que autoridades do governo Maduro estão tentando vender o ouro e transferir os lucros para o Banco Central venezuelano.

    "Estou escrevendo para lhes pedir para impedir esta transação ilegítima", escreveu Guaidó. "Se o dinheiro for transferido... será usado pelo regime ilegítimo e cleptocrático de Nicolás Maduro para reprimir e brutalizar o povo venezuelano."

    O Banco da Inglaterra e o escritório de May não comentaram de imediato. Em outras ocasiões o BC britânico se recusou a comentar questões relativas ao ouro da Venezuela, citando o respeito à privacidade dos clientes.

    O Banco Central da Venezuela tampouco comentou de imediato.

    Perder o ouro seria um golpe considerável nas finanças de Caracas, minando sua capacidade de obter moeda forte crucial para importar itens que vão de alimentos e remédios a peças automobilísticas e eletrodomésticos.

    A Venezuela é vítima de uma hiperinflação que se aproxima dos dois milhões por cento anuais, e desde 2015 um colapso econômico abrangente vem impulsionando um êxodo que já chega a cerca de três milhões de pessoas.

    No domingo, o governo norte-americano disse que aceitou o membro da oposição Carlos Alfredo Vecchio como representante diplomático da Venezuela nos EUA.

(Reportagem e redação adicional de Brian Ellsworth)