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Dez anos depois, Japão lamenta vítimas do desastre de Fukushima

11/03/2021 13h58

Por Eimi Yamamitsu

IWAKI, Japão (Reuters) - Com um momento de silêncio, orações e protestos antinucleares, o Japão chorou nesta quinta-feira as cerca de 20 mil vítimas do terremoto e do tsunami imensos que atingiram o país dez anos atrás, destruindo cidades e provocando derretimentos nucleares na usina de Fukushima.

Ondas enormes desencadeadas pelo tremor de magnitude 9,0 – um dos mais fortes já registrados – arrebentaram no litoral nordeste, danificando a usina de energia de Fukushima Dai-ichi e forçando mais de 160 mil moradores a fugirem da radiação que se espalhava pelo ar.

Após o pior desastre nuclear do mundo desde Chernobyl e o tremor, os sobreviventes lutam para superar a dor da perda de familiares e cidades pequenas para as ondas durante algumas horas assustadoras da tarde de 11 de março de 2011.

Cerca de 50 quilômetros ao sul da usina, na cidade litorânea de Iwaki, que desde então se tornou um polo de trabalhadores envolvidos na desativação nuclear, o dono de restaurante Atsushi Niizuma orou pela mãe levada pelas ondas.

"Quero dizer à minha mãe que meus filhos, que eram todos próximos dela, estão bem. Vim aqui para agradecê-la por nossa família estar vivendo em segurança", disse Niizuma, de 47 anos.

O santuário de Akiba se tornou um símbolo da resistência dos sobreviventes, já que foi danificado seriamente pelo tsunami, enquanto casas próximas foram arrastadas ou incendiadas.

Às 14h46, o instante exato em que o terremoto ocorreu uma década atrás, o imperador Naruhito e sua esposa comandaram um momento de silêncio para homenagear os mortos em uma cerimônia de lembrança em Tóquio. Orações silenciosas foram feitas em todo o país.

O primeiro-ministro, Yoshihide Suga, disse na cerimônia que a perda de vidas ainda é algo impossível de conceber.

"É insuportável quando penso nos sentimentos de todos aqueles que perderam seus entes queridos e amigos", disse Suga, vestido com um terno preto.

Na cerimônia, os presentes usaram máscaras, mantiveram distância e não cantaram o hino nacional para evitar a disseminação do coronavírus.

Em um comunicado conjunto, Suga e o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disseram que os dois países continuarão caminhando ombro a ombro para finalizar a reconstrução da região.

Cerca de 40 mil pessoas ainda estão deslocadas pelo desastre.

(Por Eimi Yamamitsu, Elaine Lies, Kim Kyung Hoon, Irene Wang, Sakura Murakami, Antoni Slodkowski, Ju-min Park e Linda Sieg)