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Ocidente pune China por abusos em Xinjiang, e Pequim contra-ataca UE

Reino Unido e o Canadá impuseram sanções a autoridades chinesas devido a abusos de direitos humanos em Xinjiang - Reprodução
Reino Unido e o Canadá impuseram sanções a autoridades chinesas devido a abusos de direitos humanos em Xinjiang Imagem: Reprodução

Robin Emmott e David Brunnstrom*

23/03/2021 12h53Atualizada em 23/03/2021 13h04

BRUXELAS/WASHINGTON/PEQUIM (Reuters) - Os Estados Unidos, a União Europeia, o Reino Unido e o Canadá impuseram sanções a autoridades chinesas na segunda-feira devido a abusos de direitos humanos em Xinjiang, a primeira ação coordenada ocidental do tipo contra Pequim no governo do novo presidente norte-americano, Joe Biden.

Pequim reagiu imediatamente adotando medidas punitivas contra a UE que pareceram mais amplas, incluindo parlamentares, diplomatas, institutos e famílias e proibindo suas empresas de fazerem negócios com a China.

Governos ocidentais estão tentando responsabilizar Pequim pelas detenções em massa de muçulmanos uigures no noroeste da China, onde os EUA dizem que a nação asiática está cometendo genocídio.

A China nega todas as acusações de abuso.

O esforço coordenado pareceu ser um fruto precoce de uma iniciativa diplomática orquestrada dos EUA para confrontar a China com apoio de aliados, um elemento central da política que Biden ainda está elaborando para a China.

Autoridades norte-americanas de alto escalão dizem estar em contato diário com governos da Europa para tratar de assuntos relacionados à China, algo que classificam de "espetáculo itinerante da Europa".

"Em meio ao repúdio internacional crescente, (a China) continua a cometer genocídio e crimes contra a humanidade em Xinjiang", disse o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, em um comunicado antes de reuniões com ministros da UE e da Organização do Tratado do Atlântico Norte, (Otan) em Bruxelas nesta semana.

O Ministério das Relações Exteriores do Canadá disse: "Indícios crescentes apontam para violações de direitos humanos sistemáticas das autoridades chinesas."

Ativistas e especialistas em direitos humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) dizem que ao menos um milhão de muçulmanos estão detidos em campos de Xinjiang. Os ativistas e alguns políticos ocidentais acusam a China de usar tortura, trabalho forçado e esterilizações.

Já Pequim diz que os campos oferecem treinamento vocacional e que são necessários para se combater o extremismo.

A decisão dos EUA e de seus aliados veio na esteira de dois dias de conversas entre autoridades norte-americanas e chinesas na semana passada que explicitaram as tensões entre as duas maiores economias do mundo.

*Reportagem adicional de Stephanie van den Berg em Haia, Sabine Siebold em Berlim, Michael Martina em Washington, Alistair Smout em Londres, Michelle Nichols em Nova York e da redação de Pequim