Ucrânia não abre mão de integridade territorial em retomada de negociações com Rússia
Por Pavel Polityuk
LVIV, Ucrânia/ANCARA (Reuters) - Ucrânia e Rússia estavam se preparando nesta segunda-feira para as primeiras negociações de paz cara a cara em mais de duas semanas, com Kiev insistindo que não fará concessões sobre a integridade territorial da Ucrânia, conforme o curso no campo de batalha muda a seu favor.
Autoridades ucranianas minimizaram as chances de um grande avanço nas negociações, que serão realizadas em Istambul depois que o presidente turco, Tayyip Erdogan, falou com o líder russo, Vladimir Putin, no domingo.
Mas o fato de a conversa ocorrer pessoalmente pela primeira vez desde uma reunião amarga entre ministros das Relações Exteriores em 10 de março é um sinal de mudanças nos bastidores, à medida que a invasão da Rússia enfrenta dificuldades.
No terreno, não havia sinal de respiro para civis em cidades sitiadas, especialmente no devastado município portuário de Mariupol, cujo prefeito disse que 160.000 pessoas ainda estavam retidas, e ele acusou a Rússia de impossibilitar sua retirada.
Uma autoridade turca de alto escalão disse que as negociações de Istambul começariam nesta segunda-feira, mas o Kremlin afirmou mais tarde que não devem começar até terça-feira, acrescentando que é importante que elas ocorram pessoalmente, apesar do escasso progresso até agora.
Mykhailo Podolyak, chefe da delegação ucraniana, disse à Reuters que o horário de início depende de quando as delegações chegarem lá.
Autoridades ucranianas têm sugerido repetidamente nas últimas semanas que acreditam que a Rússia poderia estar mais disposta a se comprometer, já que qualquer esperança que Moscou possa ter de impor um novo governo a Kiev desapareceu diante da forte resistência ucraniana e das pesadas perdas russas.
As Forças Armadas da Rússia sinalizaram na semana passada que estavam mudando o foco para se concentrar na expansão do território controlado pelos separatistas no leste da Ucrânia, um mês depois de terem comprometido a maior parte de sua enorme força de invasão em um ataque fracassado a Kiev.
Quando os lados se encontraram pessoalmente pela última vez, a Ucrânia acusou o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, de ignorar seus apelos para discutir um cessar-fogo, enquanto Lavrov disse que a interrupção dos combates nem estava na agenda.
Desde então, eles têm feito reuniões via link de vídeo, em vez de cara a cara. Ambos os lados discutiram publicamente o progresso em uma fórmula diplomática sob a qual a Ucrânia pode aceitar algum tipo de status formal neutro. Mas nenhum deles cedeu às demandas territoriais da Rússia, incluindo a Crimeia, que Moscou apreendeu e anexou em 2014, e territórios orientais conhecidos como Donbass, que Moscou exige que Kiev ceda aos separatistas.
"Não acredito que haverá qualquer avanço nas principais questões", disse o assessor do Ministério do Interior ucraniano, Vadym Denysenko, nesta segunda-feira.
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