Fachin diz que eleição terá mais de 100 observadores internacionais, incluindo europeus
BRASÍLIA (Reuters) -O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Edson Fachin, anunciou nesta terça-feira que mais de 100 observadores internacionais, inclusive autoridades europeias, acompanharão as eleições em outubro, e afirmou que o mundo estará atento ao pleito no Brasil.
As declarações Fachin ocorrem após o próprio tribunal ter cancelado um convite feito para que uma missão de observadores da União Europeia acompanhasse as eleições brasileiras, após o governo do presidente Jair Bolsonaro, por meio do Ministério das Relações Exteriores, ter demonstrado desagrado com a iniciativa.
"Acordamos que realizar-se-á uma rede de observações internacionais para garantir a vinda ao Brasil antes e durante as eleições --não apenas dos organismos que já mencionamos--, mas de diversas autoridades europeias e de outros continentes que tenham interesse e condições em acompanhar de perto o processo eleitoral de outubro próximo", disse Fachin durante evento na sede da corte eleitoral em Brasília.
"Nossa meta é ter mais de 100 observadores internacionais durante o processo eleitoral no Brasil", completou.
No mês passado, a Reuters havia revelado que, em março, o TSE tinha feito pela primeira vez um convite para a União Europeia ser observadora das eleições deste ano. Posteriormente, o Itamaraty divulgou um comunicado em que mostrou desagrado do governo com o convite feito pelo TSE, o que levou a um recuo do tribunal.
Depois disso, após fazer novos ataques ao sistema de votação, Bolsonaro disse que se quer dar "ar de legalidade" ao processo eleitoral ao convidar observadores internacionais, que, segundo ele, ficariam apenas olhando.
"Que observação é essa? Que legalidade? Com que segurança podem dizer que aconteceu as eleições?", questionou.
O presidente tem retomado os ataques e acusações sem provas à segurança e lisura do processo eletrônico de votação. Candidato à reeleição, Bolsonaro aparece atualmente em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto para a eleição presidencial, atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo as sondagens, o presidente seria derrotado pelo petista em um eventual segundo turno.
Na segunda-feira, durante discurso a empresários do setor de supermercados em São Paulo, Bolsonaro voltou a atacar, novamente sem apresentar evidências, o sistema de votação e afirmou que as eleições deste ano podem ser "conturbadas".
REGRESSÃO NO BRASIL
Em sua fala, o presidente do TSE citou uma série de agressões às instituições democráticas que ocorreram em outros países, como Peru e Estados Unidos, e alertou que essa possibilidade de regressão com infiltração no ambiente nacional "infelizmente" já ocorreu.
Fachin questionou o que considera "transtornos" da apuração do resultado das eleições em papel e novamente defendeu o voto em urnas eletrônicas, destacando que o Brasil não mais concorda com aventuras autoritárias.
"A ninguém interessa reprisar essa realidade no país, cuja experiência de 25 anos com a urna eletrônica permitiu a superação dessas inquietudes. Por isso, é esta urna eletrônica e o nosso processo eleitoral que trazem paz e segurança para as nossas eleições", disse.
"O mundo observa com atenção o processo eleitoral brasileiro, somos hoje uma vitrine para os analistas internacionais e cabe à sociedade brasileira garantir que levaremos aos nossos vizinhos que levaremos uma mensagem de estabilidade, de paz, de segurança e de que o Brasil não mais aquiesce com aventuras autoritárias", reforçou.
Após receber o respaldo de senadores, conforme noticiado pela Reuters na segunda-feira, Fachin e outros integrantes da cúpula do Judiciário têm adotado posicionamentos mais contundentes ante a ameaças ao Poder e às eleições brasileiras.
(Reportagem de Ricardo BritoEdição de Pedro Fonseca)
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