Premiê do Reino Unido e líder da oposição iniciam campanha após convocação de eleição antecipada

Por Kate Holton e William James

LONDRES (Reuters) - O primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, e o líder da oposição, Keir Starmer, iniciaram suas campanhas eleitorais nesta quinta-feira, apresentando seus argumentos sobre quem está mais preparado para enfrentar os problemas econômicos e políticos do país.

Sunak, cujo Partido Conservador está atrás do Partido Trabalhista em cerca de 20 pontos percentuais nas pesquisas de opinião desde que ele se tornou primeiro-ministro em outubro de 2022, chocou e irritou muitos em seu partido quando convocou na quarta-feira uma eleição geral para 4 de julho, meses antes do esperado.

Nesta quinta-feira, ele argumentou que a economia está dando uma guinada e que possui um plano para combater a imigração ilegal. Porém, com os preços nas lojas subindo 21% nos últimos três anos e o serviço nacional de saúde sofrendo com tempos de espera recordes, pode ser difícil persuadir os eleitores de que o Reino Unido está no caminho certo.

"Embora haja mais trabalho a ser feito e eu saiba que levará tempo para que vocês vejam os benefícios, o plano está funcionando", disse Sunak aos eleitores em um evento com trabalhadores na região central da Inglaterra.

Sunak anunciou sua decisão sob uma chuva torrencial em Downing Street, tendo que falar por cima de manifestantes que tocavam a música "Things Can Only Get Better" - um hino associado à vitória esmagadora do Partido Trabalhista na eleição de 1997, sob o comando de Tony Blair, que encerrou o então longo período de governo conservador.

O premiê também admitiu nesta quinta-feira que os primeiros voos que enviarão imigrantes ilegais para Ruanda, uma política emblemática que está envolvida em desafios legais, não começarão antes do pleito.

No entanto, ele recebeu um impulso quando Nigel Farage, um ex-defensor do Brexit, disse que não tentará se eleger por seu Partido da Reforma, o que provavelmente enfraquecerá o apelo do grupo de direita e reduzirá sua capacidade de avançar sobre a base de eleitores dos conservadores.

O que está em jogo é o controle da sexta maior economia do mundo, que tem passado por anos de baixo crescimento e alta inflação, ainda está lutando para ter sucesso em sua decisão de 2016 de deixar a União Europeia e está se recuperando lentamente dos choques da Covid-19 e de um aumento no preço de energia causado pela guerra na Ucrânia.

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Esse cenário torna a economia um dos principais assuntos na campanha. É provável que os dois partidos também se concentrem em imigração, defesa, saúde e segurança.

As pesquisas mostram que os eleitores querem mudanças, mesmo que não estejam muito entusiasmados com Starmer e seu Partido Trabalhista, depois de 14 anos de governo conservador marcados por níveis sem precedentes de turbulência política e pelas chamadas questões de guerra cultural.

Starmer disse aos eleitores em um evento em Gillingham, no sudeste da Inglaterra, que ele deseja renovar, reconstruir e revigorar o Reino Unido. Ele se concentrou na privação e nas barreiras invisíveis que impedem muitas pessoas de melhorar sua condição de vida.

O líder trabalhista trouxe o partido de volta para o centro do espectro político, após o grupo ter se inclinado para a esquerda com seu antecessor.

Se os trabalhistas vencerem, Starmer se tornará o sexto primeiro-ministro do Reino Unido em oito anos, a maior rotatividade desde a década de 1830, ressaltando o nível de turbulência que tomou conta de um país que já foi conhecido por sua estabilidade política e pragmatismo.

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