EUA podem "calibrar" sanções contra Venezuela após eleição, dizem autoridades

WASHINGTON (Reuters) - O governo do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, vai “calibrar” suas sanções contra a Venezuela a depender de como a eleição do país-membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) ocorra no domingo, disseram autoridades norte-americanas, sinalizando que Washington pode aliviar as medidas punitivas caso o presidente local, Nicolás Maduro, realize eleições justas.

Mas Washington também alertou Maduro de que, se ele declarar vitória sem uma prova convincente disso, “colocará em questão” se a comunidade internacional deverá aceitar o resultado.

Maduro está buscando um terceiro mandato à frente do país, que sofre com pesadas sanções dos EUA. Seu opositor, Edmundo González, tem atraído muitos apoios.

A oposição e alguns observadores internacionais duvidam de que a eleição será justa, afirmando que decisões das autoridades eleitorais e prisões de alguns membros da campanha de oposição têm como objetivo criar obstáculos para a disputa livre do pleito.

Autoridades norte-americanas afirmaram nesta sexta-feira que estão observando de perto os últimos acontecimentos que envolvem a eleição. Nos últimos meses, Washington relaxou e depois retomou sanções sobre a indústria petrolífera venezuelana, após alegar que o governo Maduro não cumpriu o acordo eleitoral feito para permitir uma votação inclusiva e democrática.

Autoridades dos EUA, que pediram para não serem identificadas, disseram que não iriam prejulgar o resultado, mas estão preocupadas com uma possível repressão política. Elas alertaram os militares da Venezuela, que há muito tempo apoiam Maduro, para não interferirem no processo eleitoral.

"Os Estados Unidos estão preparados para calibrar nossa política de sanções a depender dos eventos que podem se desenrolar na Venezuela", disse uma fonte. "À medida que olhamos para o período pós-eleitoral, continuaremos avaliando e atualizando nossa política de sanções conforme for necessário, baseado nas nossas metas quanto à política externa."

As autoridades recusaram-se a citar quaisquer medidas específicas dos EUA, mas sublinharam que, uma vez que a tomada de posse presidencial venezuelana só está marcada para janeiro, a resposta provavelmente ocorrerá durante a segunda metade do ano.

Uma autoridade afirmou ainda que é “altamente preocupante” que o governo Maduro tenha limitado o número de observadores internacionais.

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Ela pediu que as autoridades venezuelanas reconsiderassem a decisão de barrar um avião com ex-presidentes regionais, que voariam do Panamá para Caracas para observar o pleito.

O Ministério dos Transportes da Venezuela disse que seu espaço aéreo estava operando normalmente.

González, um veterano ex-diplomata, herdou a liderança da oposição de Maria Corina Machado, que é popular e venceu as primárias da oposição, mas foi proibida de ocupar um cargo público.

Maduro, um socialista que teve a eleição de 2018 classificada pela maioria dos governos ocidentais como uma fraude, afirmou que a Venezuela tem o sistema eleitoral mais transparente do mundo.

(Reportagem de Matt Spetalnick, Costas Pitas e Daphne Psaledakis)

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