EUA concluem que Israel não está impedindo auxílio em Gaza; grupos de ajuda discordam
Por Humeyra Pamuk e Daphne Psaledakis
WASHINGTON (Reuters) - O governo do presidente norte-americano, Joe Biden, concluiu que Israel não está atualmente impedindo o auxílio em Gaza e, portanto, não está violando a lei dos Estados Unidos, disse o Departamento de Estado nesta terça-feira, mesmo com Washington reconhecendo que a situação humanitária continua terrível no enclave palestino.
Em uma carta de 13 de outubro, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, e o secretário de Defesa, Lloyd Austin, deram aos seus homólogos israelenses uma lista com medidas específicas que Israel precisava tomar no prazo de 30 dias para lidar com o agravamento da situação em Gaza. O não cumprimento dessas medidas poderia ter possíveis consequências sobre a ajuda militar dos EUA a Israel, disseram na carta.
Nesta terça-feira, quando o prazo mencionado na carta expirou, o porta-voz adjunto do Departamento de Estado, Vedant Patel, recusou-se repetidamente a dizer se os critérios haviam sido cumpridos. Disse a jornalistas, no entanto, que Israel havia tomado medidas para atender às exigências e que Washington continuaria a avaliar a situação.
"Vimos alguns progressos sendo feitos. Gostaríamos de ver mais algumas mudanças acontecerem. Acreditamos que, se não fosse pela intervenção dos EUA, essas mudanças talvez nunca tivessem ocorrido", disse Patel, acrescentando que Washington continuaria a avaliar a conformidade de Israel com a lei dos EUA.
Oito grupos internacionais de auxílio humanitário, incluindo Oxfam e Save the Children, disseram em um relatório que Israel não havia cumprido as exigências até o prazo final desta terça-feira.
Em uma declaração posterior nesta terça-feira, o movimento militante palestino Hamas, que governa Gaza, criticou a afirmação do governo Biden de que Israel havia tomado medidas para melhorar a situação humanitária no enclave.
A avaliação foi "uma afirmação da parceria completa do presidente Biden com o genocídio brutal contra nosso povo na Faixa de Gaza", disse o Hamas.
O grupo acusou novamente Washington de fornecer cobertura política e militar para Israel e protegê-lo de ser responsabilizado.
Biden, cujo mandato termina em breve, ofereceu forte apoio a Israel desde que homens armados liderados pelo Hamas atacaram Israel em outubro de 2023, matando 1.200 pessoas e fazendo mais de 250 reféns.
Mais de 43.500 palestinos foram mortos em Gaza desde então. Gaza foi reduzida a um terreno baldio de edifícios destruídos e pilhas de entulho, onde mais de 2 milhões de habitantes buscam abrigo da melhor maneira possível.
O porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, disse em um briefing em 4 de novembro que, apesar das medidas de Israel para aumentar o acesso ao auxílio, os resultados em Gaza não eram suficientemente bons.
Em uma reunião com o ministro de Assuntos Estratégicos de Israel, Ron Dermer, na última segunda-feira, Blinken também enfatizou a necessidade de que as medidas de Israel levem a melhorias no local.
Patel se recusou a dizer por que Washington optou por fazer sua avaliação com base nas medidas de Israel para resolver os problemas, em vez de analisar os resultados locais, forma que as autoridades norte-americanas haviam repetidamente dito que seria a maneira adotada.
O prazo dos EUA expirou apenas alguns dias após especialistas globais em segurança alimentar dizerem que há uma "forte probabilidade de que a fome seja iminente" em áreas do norte de Gaza, com Israel avançando em uma ofensiva militar contra os militantes do Hamas naquela região.
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Quero receber(Reportagem de Humeyra Pamuk, Katharine Jackson e Daphne Psaledakis em Washington, reportagem adicional de Jaidaa Taha)
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