Líder sírio interino promete reconstrução, mas enfrenta dificuldades financeiras
Por Maya Gebeily e Timour Azhari
DAMASCO (Reuters) - O novo primeiro-ministro interino da Síria disse que pretende trazer de volta milhões de refugiados sírios, proteger todos os cidadãos e fornecer serviços básicos, mas reconheceu que isso será difícil porque o país carece de moeda estrangeira.
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"Nos cofres, há apenas libras sírias que valem pouco ou nada. Um dólar americano compra 35.000 de nossas moedas", disse Mohammed al-Bashir ao jornal italiano Il Corriere della Sera.
"Não temos moeda estrangeira e, quanto a empréstimos e títulos, ainda estamos coletando dados. Então, sim, financeiramente estamos muito mal."
Bashir dirigiu o Governo de Salvação liderado pelos rebeldes em um pequeno bolsão do noroeste da Síria, antes da ofensiva rebelde relâmpago de 12 dias que invadiu Damasco e derrubou o veterano autocrata presidente Bashar al-Assad.
A reconstrução da Síria será uma tarefa colossal após uma guerra civil que matou centenas de milhares de pessoas. As cidades foram reduzidas a ruínas por bombardeios, áreas rurais foram despovoadas e a economia foi destruída por sanções internacionais. Milhões de refugiados ainda vivem em campos após um dos maiores deslocamentos dos tempos modernos.
Com os países europeus suspendendo os pedidos de asilo dos sírios, alguns refugiados da Turquia e de outros lugares começaram a voltar para casa.
Autoridades norte-americanas, em contato com os rebeldes liderados pelo Hayat Tahrir al-Sham (HTS), pediram que eles não assumissem a liderança automática do país, mas que, em vez disso, conduzissem um processo inclusivo para formar um governo de transição.
O novo governo deve "manter compromissos claros de respeitar plenamente os direitos das minorias, facilitar o fluxo de assistência humanitária a todos os necessitados, impedir que a Síria seja usada como base para o terrorismo ou que represente uma ameaça aos seus vizinhos", disse o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, em um comunicado.
O HTS é uma antiga afiliada da Al Qaeda que liderou a revolta anti-Assad. Ultimamente, ela tem minimizado suas raízes jihadistas, mas continua sendo designada como uma organização terrorista por Nações Unidas, Estados Unidos, União Europeia, Turquia e outros.
Em um breve discurso na televisão estatal na terça-feira, Bashir disse que liderará a autoridade interina até 1º de março.
Atrás dele havia duas bandeiras - a bandeira verde, preta e branca hasteada pelos oponentes de Assad durante a guerra civil e uma bandeira branca com o juramento islâmico de fé escrito em preto, normalmente hasteada na Síria por combatentes islâmicos sunitas.