Após aliado prometer derrubá-lo, premiê do Canadá parece prestes a perder o poder

Por David Ljunggren

OTTAWA (Reuters) - O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, parecia nesta sexta-feira estar próximo de perder o cargo no começo do próximo ano, depois que um importante aliado afirmou que vai tentar derrubar o governo de minoria e buscar uma nova eleição.

O líder do Novo Partido Democrático, Jagmeet Singh, que tem ajudado a manter Trudeau no cargo, afirmou que apresentará uma moção formal de desconfiança, depois que a Câmara dos Comuns eleita voltar do recesso, no dia 27 de janeiro.

Se todos os partidos de oposição apoiarem a moção, Trudeau deixará o cargo após mais de nove anos como primeiro-ministro, e uma nova eleição será realizada.

Uma série de pesquisas mostram que, nos últimos 18 meses, o Partido Liberal, do premiê, tem sofrido perda de apoio e uma crescente oposição devido aos altos preços e a uma crise imobiliária. A legenda seria derrotada pelos conservadores, de centro-direita.

O Novo Partido Democrático, que assim como os liberais quer atrair o apoio dos eleitores de centro-esquerda, reclama que Trudeau é muito dependente das grandes empresas.

“Não importa quem está liderando o Partido Liberal, o tempo deste governo acabou. Vamos seguir com uma clara moção de não-confiança na próxima sessão da Câmara dos Comuns”, disse Singh.

O líder do Bloco Quebecois, um grande partido de oposição, prometeu apoiar a moção e que não há cenário possível para a sobrevivência política de Trudeau. Os conservadores estão pedindo há meses uma eleição.

Poucos minutos depois de Singh ter escrito a carta, um sorridente Trudeau — que sofre cada vez mais pressão por uma renúncia após a saída de sua ministra das Finanças, nesta semana — presidiu sobre um gabinete reformado.

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O gabinete do premiê não estava imediatamente disponível para comentar sobre o tema.

Os votos do Orçamento e de outros gastos são considerados medidas de confiança. Além disso, o governo precisa alocar alguns dias a cada sessão para que legendas de oposição possam trazer moções de quaisquer naturezas, inclusive as de desconfiança.

Antes do anúncio de Singh, uma fonte próxima a Trudeau disse que o premiê vai usar o recesso do Natal para ponderar sobre seu futuro, mas que ele não deve fazer qualquer anúncio até janeiro.

Líderes do Partido Liberal são eleitos por convenções especiais, que levam meses para serem organizadas. A promessa de Singh de agir rapidamente significa que, mesmo que Trudeau renunciasse agora, a legenda não conseguiria encontrar um novo líder a tempo para a próxima eleição, e teria de concorrer com um líder interino, o que nunca aconteceu antes.

Até agora, cerca de 20 parlamentares liberais pedem abertamente a renúncia de Trudeau, mas seu gabinete permanece leal.

A crise ocorre em momento crítico, com o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, prometendo impor uma tarifa de 25% sobre todas as importações do Canadá, o que prejudicaria gravemente a economia do país.

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(Reportagem de David Ljunggren)

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