Israel detém médicos após invasão de hospital, dizem autoridades de Gaza

Por Nidal al-Mughrabi e Maytaal Angel

CAIRO/JERUSALÉM (Reuters) - Forças israelenses prenderam na sexta-feira dezenas de médicos em um hospital que foi invadido por suas forças no norte da Faixa de Gaza, disse o Ministério da Saúde do enclave.

Os militares israelenses atacaram na sexta-feira o Hospital Kamal Adwan, em Beit Lahiya, exigindo que dezenas de pacientes e centenas de outras pessoas saíssem do prédio, além de prenderem médicos e o diretor das instalações, Hussam Abu Safiya.

O Ministério da Saúde afirmou que não está claro o que estava acontecendo com Abu Safiya, acrescentando que há preocupações sobre seu bem-estar, depois de alguns funcionários que foram libertados pelo Exército na noite de sexta-feira terem dito que ele foi espancado por soldados.

O setor militar israelense não comentou imediatamente as prisões.

A operação contra o hospital, um dos três localizados no norte da Faixa de Gaza, tirou de serviço a última grande instalação médica no norte do enclave, informou na plataforma X a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Alguns pacientes foram levados para o Hospital Indonésio, que não está funcionando, e médicos foram impedidos de ir até o local, afirmou o Ministério da Saúde. Outros foram transferidos para outro hospital no sul do território.

Alguns dos funcionários libertados chegaram ao Hospital Batista-Árabe Al-Ahly, na cidade de Gaza.

Os militares israelenses afirmaram na sexta-feira que combatentes do Hamas operaram a partir do hospital durante os 15 meses de guerra e transformaram o local em um reduto do grupo. O Hamas afirmou que essas alegações são “mentiras”, sustentando que não há combatentes ali.

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O Ministério da Saúde da Faixa de Gaza também disse que ataques israelenses no enclave mataram 18 palestinos neste sábado, pelo menos nove deles em uma casa no campo de Maghazi, na região central do enclave.

O exército israelense disse no sábado que começou a operar durante a noite contra alvos na área de Beit Hanoun, no norte de Gaza. "As tropas estão permitindo que os civis que ainda estão na área se afastem para sua própria segurança", disse.

Nos últimos meses, as forças israelenses expulsaram as pessoas e arrasaram grande parte da área ao redor das cidades de Jabalia, Beit Hanoun e Beit Lahiya, ao norte.

Os palestinos acusaram Israel de realizar uma limpeza étnica ao despovoar essas áreas para criar uma zona tampão. Israel nega que esteja fazendo isso, dizendo que seu objetivo é impedir que os combatentes do Hamas se reagrupem nessas áreas.

A campanha de Israel contra o Hamas, que anteriormente controlava Gaza, matou mais de 45.400 palestinos, de acordo com autoridades de saúde no enclave. A maior parte da população de 2,3 milhões de pessoas foi deslocada e grande parte de Gaza está em ruínas.

A guerra foi desencadeada pelo ataque do Hamas ao sul de Israel em 7 de outubro de 2023, no qual 1.200 pessoas foram mortas e 251 foram levadas para Gaza como reféns, de acordo com os registros israelenses.

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