Jornalistas e policiais são alvo de emboscada do EI no Afeganistão
O grupo Estado Islâmico reivindicou o duplo atentado suicida que deixou ao menos 25 mortos e 49 feridos na manhã desta segunda-feira (30) em Cabul, no Afeganistão.
O segundo homem-bomba visou jornalistas, que foram ao local fazer a cobertura do primeiro ataque. Ao menos quatro policiais e seis jornalistas morreram, incluindo o fotógrafo Shah Marai, chefe do serviço de Fotografia da agência AFP. Outros cinco jornalistas ficaram feridos. O comunicado do Estado Islâmico diz que o primeiro atentado atingiu a sede em Cabul do serviço de inteligência e das forças de segurança afegãs e o segundo, os jornalistas que seguiram para o local.
"Os apóstatas das forças de segurança, dos meios de comunicação e outras pessoas compareceram ao local da operação, onde um irmão os surpreendeu com seu colete de explosivos", completou o braço do EI no Afeganistão.
O comunicado identifica o primeiro homem-bomba como "Kaaka al-Kurdi", o que sugere que era de origem curda, e o segundo como Khalil al Qurashi. O ministério do Interior divulgou um balanço de 25 mortos e 49 feridos. De acordo com uma fonte das forças de segurança, o homem-bomba que atacou a imprensa estava disfarçado de fotógrafo.
Fotógrafo experiente está entre as vítimas
Shah Marai, diretor do departamento de fotografia do escritório da AFP em Cabul, seguiu para o local da primeira explosão, ocorrida pouco antes das 8h locais. Ele morreu na segunda detonação, que aconteceu 30 minutos após o ataque inicial, em uma área próxima à sede do Serviço de Inteligência Afegão (NDS) em Cabul.
Marai trabalhava desde 1996 para a AFP e cobriu amplamente a situação no país sob o regime talibã e a invasão americana do Afeganistão em 2001, posterior aos atentados da Al-Qaeda em Nova York e Washington. "Minhas melhores recordações são as de quando eu supero a concorrência com as melhores fotografias do presidente ou de outra pessoa, ou da cena de um ataque. Gosto de ser o primeiro", declarou Shah Marai, sobre seu trabalho.
Outros cinco jornalistas também morreram na segunda explosão. Todos trabalhavam para canais de televisão afegãos, um deles para a emissora Tolo News, que em 2016 foi alvo de um atentado que deixou sete mortos e foi reivindicado pelos talibãs.
Talibãs e Estado Islâmico
"Estamos devastados pela morte de nosso fotógrafo Shah Marai, que era testemunha há mais de 15 anos da tragédia que afeta o país. A direção da AFP saúda o valor, o profissionalismo e a generosidade deste jornalista que cobriu dezenas de atentados antes de ser ele mesmo vítima da barbárie", declarou a diretora de Informação da agência, Michèle Léridon.
Várias mensagens de condolências foram enviadas ao escritório da AFP em Cabul. Um jornalista da agência no país, Sardar Ahmad, morreu em março de 2014 ao lado de sua família - com exceção do filho de três anos - em um atentado talibã. Sardar era amigo de Shah Marai, que deixa seis filhos, o mais novo de apenas algumas semanas.
Risco extremo em Cabul
Cabul se tornou, de acordo com a ONU, o local mais perigoso do Afeganistão para os civis com um aumento dos atentados, geralmente cometidos por homens-bomba e reivindicados pelos talibãs ou o grupo extremista EI. Os atentados contra civis provocaram o dobro de vítimas nos primeiros três meses de 2018 - 763 civis mortos, 1.495 feridos - que no mesmo período de 2017.
Um ataque no dia 22 de abril, na capital afegã, deixou quase 60 mortos e 20 feridos em um bairro de maioria xiita. No dia 27 de janeiro, um atentado na cidade provocou 103 mortes e deixou mais de 150 feridos.
Com informações da AFP
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