Temer cede a caminhoneiros para evitar o caos, diz Le Monde
As concessões anunciadas pelo presidente Michel Temer para encerrar a greve dos caminhoneiros, que paralisa o Brasil há uma semana, são noticiadas por rádios e canais de TV franceses. Entre as medidas provisórias assinadas ontem pelo presidente, Le Monde cita os 12% de redução no preço do litro do óleo diesel e o congelamento por 60 dias, além da isenção de cobrança de pedágio para alguns veículos.
A imprensa nota que, apesar do recuo do governo, o abastecimento nos postos continuava bastante comprometido no domingo e os aeroportos enfrentavam falta de combustível. Segundo Le Monde, "a gestão de Temer para solucionar o conflito com os caminhoneiros é fortemente criticada tanto à direita quanto à esquerda, num contexto político instável, a quatro meses das eleições".
Outros veículos, como o jornal Le Figaro, a revista Le Point ou a rádio Europe 1, falam sobre as operações de escolta do Exército para tentar reabastecer os postos, destacando que a greve esvaziou supermercados e prejudica o atentimento em hospitais.
O site especializado Transportissimo.fr explica que "o movimento começou após um forte aumento do combustível". O autor do texto sugere aos brasileiros insatisfeitos com as consequências da greve que reflitam sobre um slogan adotado num movimento similar ocorrido na França: "Si vous l’avez, un camion vous l’a apporté", "Se você tem, é porque um caminhão levou até você".
Lula lidera pesquisas mesmo preso
Além da greve dos caminhoneiros, a imprensa francesa registra o anúncio da candidatura do ex-presidente Lula às eleições de outubro. Teoricamente inelegível, ele foi indicado neste domingo pelo Partido dos Trabalhadores (PT) para disputar um novo mandato presidencial, informa o jornal Les Echos.
A explicação para essa escolha está no fato de que a popularidade do petista, mesmo preso, está em alta, esclarece o jornal. Duas pesquisas realizadas depois da detenção de Lula mostram que ele ainda tem ampla vantagem nas intenções de voto no primeiro turno, indica o diário econômico francês.
Segundo uma pesquisa do instituto Ipsos, Lula é a figura mais popular numa lista de personalidades brasileiras, com uma cota de 45%. Mesmo na prisão, "ele permanece o líder incontestável da esquerda". Mas a estratégia do PT, que não tem um candidato alternativo à altura do desafio, deve ter vida curta e ser invalidada pela Justiça, talvez em junho ou no mais tardar em agosto, informa Les Echos.
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