"Fazendas de sangue" sulamericanas abastecem laboratórios europeus, denunciam ONGs
Segundo os ativistas de associações como Welfarm, milhares de éguas prenhas têm o sangue drenado, independentemente de sua saúde ou do risco de perda dos potros, para a produção do hormônio eCG (hormônio gonadotrófico eqüino) que é secretado no animal e depois utilizado para a indução e sincronização do cio em porcas na Europa.
A investigação revela que milhares de éguas do Uruguai e da Argentina são sistematicamente torturadas e mortas para abastecer a indústria de leitões na Suíça e na União Europeia. O negócio do sangue representa milhões de dólares e acontece de forma descontrolada e até tolerada nos dois países sul-americanos citados na denúncia. Os ativistas afirmam que os consumidores europeus precisam estar cientes dessas práticas.
Amarradas em baias, as éguas têm o sangue retirado com a ajuda de agulhas especiais. A operação leva cerca de dez minutos, tempo necessário para a retirada de vários litros de sangue.
Leis de proteção animal inexistentes
As imagens foram gravadas entre janeiro e abril 2018 pelas associações de Zurique-Tierschutzbund (TSB) e Fundação Animal Welfare (AWF), dentro de 5 "fazendas de sangue" da América do Sul. O hormônio retirado nesses locais é altamente valorizado por laboratórios farmacêuticos por permitir que os agricultores controlem a ovulação e o nascimento de outros animais, como cabras e porcos.
No dia 17 de julho, véspera da transmissão do vídeo com a denúncia, sob pressão das associações TSB e AWF, o laboratório alemão IDT Biologika anunciou que estava desistindo dessas fazendas. A Welfarm está em campanha para que outros laboratórios da Europa façam o mesmo, a fim de acabar com essa indústria sangrenta.
Na Argentina e no Uruguai, as leis de proteção animal são quase inexistentes. Os laboratórios podem, portanto, comprar eCG de baixo custo. Em 2017, a França importou US $ 5,12 milhões em eCG. Em 2018, as vendas já ultrapassam US $ 3,96 milhões.
Uma molécula para substituir o eCG
Este vídeo demonstra não apenas que a violência é inerente às fazendas de sangue, mas também que as auditorias conduzidas por laboratórios não são confiáveis. Para a ONG, o único resultado aceitável é a substituição do eCG por uma alternativa sintética.
Na Suíça, após o escândalo das fazendas de sangue, o uso de eCG por produtores de suínos diminuiu em 80%. Os criadores substituíram a substância por uma combinação de duas moléculas sintéticas, ambas disponíveis na França.
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