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Para Le Monde, "Brasil desorientado" está prestes a "endossar" Bolsonaro

30/08/2018 14h33

“Em um Brasil desorientado, o militar, candidato à eleição presidencial, está pronto para vestir a roupa do chefe. Autoritário, se necessário”, diz o jornal francês Le Monde desta quarta-feira (30). Para o vespertino, os brasileiros que ainda não conheciam Jair Bolsonaro tiveram uma “visão eloquente do pensamento desta figura da extrema-direita” durante a entrevista do candidato no Jornal Nacional desta terça-feira (28).

Le Monde ressalta que “Bolsonaro pareceu perder a paciência várias vezes, fulminando com olhos vermelhos os jornalistas da Globo, o canal mais visto no país”. Para o diário, irritado com a tentativa de questionar sua postura como um candidato "antissistema", e por ser lembrado de suas observações homofóbicas ou misóginas, Bolsonaro questionou tudo o que foi dito, atacando jornalistas, e com eles, “toda essa profissão que ele odeia”.

Os brasileiros que não conheciam Jair Bonsonaro (PSL) passaram a conhecê-lo depois da sabatina na Globo, diz Le Monde, que acrescenta: “Aqueles que o conheciam não se supreenderam”. “Um ‘patriota’, disse o principal interessado a seu favor, pronto a defender Deus, a família e falar do golpe militar de 1964 como uma ‘revolução democrática’” lembra a correspondente do jornal em São Paulo, Claire Gatinois.

O vespertino francês lembra que Bolsonaro é creditado com 19% das intenções de voto atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (39%), segundo pesquisa do Datafolha publicada em 22 de agosto. No entanto, sua candidatura se tornaria a favorita das eleições presidenciais, com 22% das intenções de voto, “no caso - muito provável - onde a candidatura de Lula, detido por corrupção, seja invalidada pelo Supremo Tribunal Eleitoral”.

Político “insignificante” de Brasília

Le Monde recupera a história de Jair Bolsonaro, lembrando que, parlamentar há 27 anos, ele era há algum tempo atrás apenas “um insignificante político de Brasília, mais conhecido por suas agressões verbais do que por seu ativismo parlamentar”.

O jornal francês termina a matéria dizendo que, em abril de 2016, durante a votação do impeachment da então presidente Dilma Rousseff, “ele novamente deixou sua marca, acompanhando seu voto com um elogio ao Coronel Ustra, um dos torturadores da ditadura militar”.