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Concorrência entre soja do Brasil e dos EUA vai se acirrar em 2019

09/01/2019 00h00

A perspectiva de uma trégua na guerra comercial entre os Estados Unidos e a China deve azedar o apetite dos chineses pela soja brasileira em 2019. Americanos e brasileiros são os maiores produtores mundiais da oleaginosa, mas o Brasil vinha levando a melhor junto aos chineses, os maiores importadores,  graças às barreiras tarifárias entre Pequim e Washington.

A perspectiva de uma trégua na guerra comercial entre os Estados Unidos e a China deve azedar o apetite dos chineses pela soja brasileira em 2019. Americanos e brasileiros são os maiores produtores mundiais da oleaginosa, mas o Brasil vinha levando a melhor junto aos chineses, os maiores importadores,  graças às barreiras tarifárias entre Pequim e Washington.

Analistas apostam que as tarifas de 25% impostas pelos chineses aos produtos americanos não devem demorar a cair – uma nova rodada de negociações foi lançada nesta semana. Em caso de acordo, os chineses voltariam a importar massivamente dos americanos: com os estoques cheios após uma superssafra que não conseguiram escoar, os Estados Unidos terão preços atraentes.

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Em 2018, a participação chinesa nas vendas brasileiras foi recorde: 70 milhões de toneladas de soja brasileira foram exportadas à China, de um total de 82 milhões de toneladas comercializadas no exterior.

“A gente está vivendo uma situação de exceção: o conflito comercial entre Estados Unidos e China colocou o mercado de soja em uma situação fora da curva. O mercado internacional já está precificando, na bolsa de Chicago, que Estados Unidos e China vão fazer um acordo nos próximos dias”, comenta o analista Flávio França Junior, chefe do setor de Grãos da Datagro. “E mesmo não querendo, a China precisaria comprar soja americana porque não haverá disponibilidade suficiente no mundo para atender as mais de 90 milhões de toneladas que a China precisa comprar.”

Luiz Fernando Roque, especialista em soja da Safras & Mercados, avalia que o Brasil está preparado para o retorno em força dos Estados Unidos na concorrência pelo mercado chinês, além de estimular o país a retomar as vendas para outros compradores.  O analista ainda lembra que problemas climáticos afetaram o plantio no Paraná e no Mato Grosso do Sul em dezembro e colocam em risco 10% da safra brasileira em 2019 – uma má notícia que, neste contexto, seria positiva para segurar os preços.

“A gente acabou perdendo parcelas para outros blocos e países, porque a nossa soja ficou cara e a americana, barata. Em contrapartida, os Estados Unidos perderam parcelas para a China e ganharam para outros. Agora, havendo um acordo e tudo tendendo a voltar ao normal, naturalmente a gente vai voltar a uma competição normal com a soja americana e retomaremos outras exportações que tínhamos”, afirma Roque.

Concorrência forte na Europa

André Nassar, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), nota que a concorrência americana será acirrada especialmente na exportação de soja em grãos para a Europa.

“Nesse aspecto, a guerra comercial é ruim para nós porque os americanos passaram a competir conosco em mercados onde não tínhamos esse tipo de concorrência, e mercados onde tínhamos um fluxo muito estruturado. A demanda excessiva chinesa por soja se concentrou em um período muito curto, o que para nós não é bom”, observa Nassar. “Para nós, é muito mais importante manter o fluxo, programar o quanto vai produzir de farelo, quanto vai exportar de grãos. É mais estável.”

Governo Bolsonaro e relação com parceiros

A expectativa de uma retomada de relações comerciais harmoniosas entre americanos e chineses acontece ao mesmo tempo em que o governo do presidente Jair Bolsonaro começa a dar seus primeiros passos na política externa. Durante a campanha, o ex-militar criticou Pequim e provocou temores de que sua gestão poderia impactar nas exportações brasileiras ao país.

Nassar reconhece uma preocupação do agronegócio sobre as posições políticas de Bolsonaro em relação a parceiros comerciais importantes do Brasil, em especial a China. “É preciso entender até que ponto a agenda do presidente gera ou não impacto nos mercados compradores dos produtos do agronegócio brasileiro, e o segundo ponto é que ela seja implementada com esse cuidado. Se gerar impacto, vamos trabalhar para minimizá-los”, sublinha o presidente da Abiove.

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