Obras da Notre-Dame, paralisadas por contaminação de chumbo, deve recomeçar nesta segunda-feira
As obras na catedral Notre-Dame foram interrompidas em 25 de julho por conta dos riscos de contaminação de chumbo. O incêndio que em abril destruiu parcialmente o monumento, provocou o derretimento de centenas de toneladas do metal, que evaporou. As partículas poluíram a atmosfera e solo.
As obras que começam nesta segunda-feira (19) visam instalar tetos provisórios em cima e embaixo da abóbada da catedral e desmontar os andaimes que se juntaram em volta da agulha com o fogo. Trata-se de um trabalho delicado, que deve preservar a estrutura gótica e evitar a queda de pedras.
Depois dessa fase longa e complexa de consolidação, a restauração propriamente dita está prevista para começar antes do primeiro semestre de 2020. A agulha, parte da abóbada e o teto devem ser totalmente reconstruídos. As autoridades francesas ainda estão definindo os custos, materiais e as questões arquitetônicas, como manter ou não a flecha ou construir uma catedral provisória para os turistas.
Depois das altas temperaturas de julho - em Paris, elas ultrapassaram os 40°C - o risco de desabamento da catedral aumentou, segundo o Ministério da Cultura.
Ducha e roupas descartáveis
Para evitar que os trabalhadores sejam contaminados pelo chumbo, a prefeitura adotou diversas medidas, que incluem duchas antes e depois de entrar no campo de obras, roupas descartáveis e controle de horas passadas no local. O dispositivo foi uma exigência do organismo que controla e gerencia as condições de trabalho dos operários. O objetivo, além de protegê-los, é impedir a dispersão de partículas de chumbo fora da área, que foi hermeticamente fechada.
Desde o acidente, taxas elevadas de concentração de chumbo foram detectadas nos arredores dos edifícios. Uma exposição crônica, por inalação ou ingestão, pode gerar problemas digestivos, atrapalhar o funcionamento dos rins, causar lesões no sistema nervoso ou anomalias reprodutivas. As crianças são mais vulneráveis.
A prefeitura de Paris iniciou a descontaminação do solo no dia 13 de agosto. A Associação Robin de Bois prestou queixa no fim de julho contra a cidade, acusando as autoridades de esconder as informações sobre a toxicidade em torno do monumento. Das 162 crianças do bairro testadas, 145 apresentam taxas consideradas normais, de 25 microgramas por litro.
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