Macron vai ao teatro e enfrenta protesto de grevistas que pedem sua demissão
Aos gritos de "Macron demissão", cerca de 30 opositores à reforma da Previdência francesa tentaram invadir o teatro parisiense Bouffes du Nord na noite de sexta-feira (17), onde o presidente Emmanuel Macron e sua mulher, Brigitte, assistiam a um espetáculo no 10° distrito da capital. O casal teve de ser retirado da sala por alguns minutos durante a intervenção da polícia. Durante a madrugada, um restaurante frequentado por Macron foi alvo de uma tentativa de incêndio.
Aos gritos de "Macron demissão", cerca de 30 opositores à reforma da Previdência francesa tentaram invadir o teatro parisiense Bouffes du Nord na noite de sexta-feira (17), onde o presidente Emmanuel Macron e sua mulher, Brigitte, assistiam a um espetáculo no 10° distrito da capital. O casal teve de ser retirado da sala por alguns minutos durante a intervenção da polícia. Durante a madrugada, um restaurante frequentado por Macron foi alvo de uma tentativa de incêndio.
A greve contra a reforma da Previdência francesa atravessa um processo de radicalização ou o protesto ocorrido ontem à noite, em frente ao teatro onde o casal Macron assistia à peça "La Mouche", pode ser considerado uma manifestação legítima contra um chefe de Estado criticado por suas reformas? Após 45 dias de paralisação no setor de transportes, sem obter as concessões reivindicadas, alguns grevistas partem para ações mais agressivas.
Como fazem com certa frequência, Macron e Brigitte foram ao teatro na véspera do fim de semana e se instalaram na plateia. Espectadores que estavam na sala, incluindo jornalistas, informaram pelo Twitter a presença do casal.
A polícia interveio e deteve o jornalista Taha Bouhafs. Ele havia retransmitido um tuíte incitando outros opositores à reforma da Previdência a engrossar o protesto do lado de fora. O jornalista é acusado de participar de "uma ação coletiva com a intenção de cometer violências ou degradações".
Momentos de tensão
O presidente francês e a primeira-dama ficaram até o final da peça, mas deixaram o teatro sob forte escolta policial. Mais cedo, ele tinha condenado como "uma vergonha para a democracia" a invasão da sede da central sindical reformista CFDT por um grupo de grevistas. A CFDT se mobilizou contra o aumento da idade mínima de aposentadoria de 62 anos para 64 anos, mas desde o início das negociações é favorável ao fim dos regimes especiais e à mudança para o sistema de pontos. Sindicatos mais à esquerda, como CGT e FO, lutam pela retirada do projeto.
Diversos políticos, incluindo a líder de extrema direita Marine Le Pen, condenaram a tentativa de invasão do teatro. "Esses atos devem ser condenados, mas são preocupantes, porque revelam um aumento permanente de tensão, ininterrupto há mais de um ano e meio", disse a presidente do partido Reunião Nacional, referindo-se ao movimento dos coletes amarelos. Na última quinta-feira, Le Pen lançou sua candidatura à presidência em 2022 para, segundo ela, oferecer uma alternativa aos eleitores decepcionados com Macron.
Tentativa de incêndio
Ainda durante a madrugada de sexta para sábado (18), a polícia foi notificada sobre uma invasão e um início de incêndio no terraço do restaurante La Rotonde, no distrito de Montparnasse, onde Macron celebrou sua vitória na campanha presidencial de 2017. Segundo um gerente do estabelecimento, "invasores quebraram uma janela do terraço no térreo" e depois atearam fogo no local. Cerca de 10 metros quadrados do terraço foram queimados. O Ministério Público de Paris abriu uma investigação para determinar as causas do incêndio.
Após seis semanas de greve contra a reforma da Previdência, a circulação de trens e do metrô em Paris melhorou, mas ainda há linhas interrompidas neste fim de semana. Um núcleo de grevistas mais exaltados não desiste de denunciar a estratégia do governo, acusando Macron e o primeiro-ministro Edouard Philippe de querer reformar o país à força.
Franceses consideram greve justificada
Uma pesquisa dos institutos Odoxa-Dentsu Consulting, divulgada na quinta-feira (16), mostra que 57% dos franceses querem o fim da paralisação, principalmente depois que o governo retirou temporariamente do projeto de lei o aumento da idade mínima de 62 anos para 64 anos. Para 55% dos entrevistados, foi uma "boa decisão"; um "compromisso razoável", segundo 53% dos ouvidos. Por outro lado, 66% dos franceses mantêm apoio aos grevistas por considerar "o princípio" da mobilização justificado.
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