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Em meio à protestos e pressão de Washington, Hong Kong discute lei que protege hino chinês

26/05/2020 17h14

O Parlamento de Hong Kong examina em segunda leitura nesta quarta-feira (27) um projeto de lei que criminaliza qualquer tipo de ataque visando o hino chinês. O debate acontece em um momento sensível, com a retomada de manifestações populares contra a aprovação por Pequim da lei de segurança vista como um ataque às liberdades individuais no território. Os Estados Unidos alertam para o impacto da situação na imagem de capital financeira de Hong Kong.

Temendo protestos violentos nesta quarta-feira, a polícia de Hong Kong reforçou as medidas de segurança nos arredores do Conselho Legislativo, o Parlamento Local, onde será debatido o texto que consolida o crime de ultraje ao hino chinês. Foi nesse mesmo local que teve início, em junho de 2019, a contestação contra a lei de segurança.

Apesar de marginal, a discussão em Hong Kong sobre a proteção do hino chonês pode ser o estopim de novos protestos. As manifestações haviam sido interrompidas por causa da pandemia de coronavírus, mas foram retomadas no fim de semana, após a apresentação, na semana passada, de mais detalhes sobre a lei de segurança da China.

O texto de Pequim, que vem sendo debatido desde o ano passado, é visto por parte dos moradores de Hong Kong como uma forma de controle de chinês sobre o princípio de "um país, dois sistemas", que garante a Hong Kong liberdades inexistente em outras partes da China até 2047.

Composto por apenas sete artigos, o texto detalhado na sexta-feira (22) por Pequim visa proibir "traição, secessão, sedição e subversão". Mas, nas entrelinhas, censura qualquer tipo de crítica vinda de Hong Kong ao regime chinês.

Nesta terça-feira (26), a chefe do Executivo, Carrie Lam, repetiu que a preocupação com as liberdades de Hong Kong é "totalmente infundada". Segundo ela, o projeto "visa apenas um punhado de criminosos e protege a grande maioria dos habitantes que respeita a lei e que ama a paz".

O representante da China em Hong Kong, Xie Feng, também disse na véspera, diante de diplomatas e empresários estrangeiros, que "não há absolutamente nenhuma razão para entrar em pânico", diante de uma lei que visa "a forças violentas e terroristas".

Washington ameaça

Diante da retomada de protestos, a comunidade internacional começa a reagir. A porta-voz da presidência norte-americana, Kayleigh McEnany, disse nessa terça-feira que Hong Kong corre o risco de perder seu protagonismo na cena econômica internacional caso Pequim imponha seu projeto de lei.

"É difícil imaginar como Hong Kong poderá continuar sendo uma capital financeira se a China tomar o controle", declarou a representante de Washington. Segundo ela, o alerta havia sido feito pelo próprio presidente, Donald Trump, que não estaria contente com o desenrolar da situação na região. O chefe da Casa Branca já havia ameaçado se afastar de Hong Kong, parceiro comercial privilegiado dos Estados Unidos.

A autonomia da qual se beneficia o território e o respeito das liberdades fundamentais contribuíram historicamente para que Hong Kong se consolidasse como uma plataforma financeira capaz de rivalizar com Londres ou Nova York.

(Com informações da AFP)