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Eleitores pró-democracia em Hong Kong vão às urnas em eleições primárias, apesar de ameaças

11/07/2020 13h18

  

Apesar das ameaças das autoridades sobre o risco de violação da nova lei de segurança nacional, eleitores de Hong Kong, do campo pró-democracia, foram às urnas neste sábado (11) para participar de eleições primárias. Com esta votação, a oposição espera otimizar seus resultados nas próximas eleições legislativas e obter maioria no Parlamento.

Milhares de pessoas fizeram fila em frente às seções eleitorais informais de Hong Kong. Eles foram convocados pelos partidos pró-democracia para escolherem seus candidatos para as eleições legislativas de setembro. Às 18h (local), mais de 137.000 pessoas haviam votado, segundo os organizadores do pleito.

A correspondente da RFI, Florence de Changy, encontrou com eleitores diante de uma uma loja de macarrão tailandesa, conhecida por ser "amarela", ou seja, favorável ao movimento de oposição. Eles esperavam na fila para ter sua identidade verificada e depois voltar online. 

As advertências das autoridades não intimidaram os eleitores. Eric Tsang, ministro de Assuntos Constitucionais, acreditava que o pleito pudesse violar a nova lei draconiana de segurança nacional.

"Tudo o que fazemos agora é contra a lei de segurança nacional. Mas são eles que criaram essa lei! E algo tem de ser feito ", lamentou Sirus Wong, um advogado que esperava para votar.

A polícia chegou a invadir o instituto de pesquisa de opinião pública Pori que ajudou a desenvolver o programa para a votação. As autoridades agiram após uma invasão que resultou em um vazamento ilegal de dados pessoais. Mas "esse incidente provavelmente está ligado às primárias e visa criar um efeito dissuasor", denunciou o ex-deputado Au Nok-hin, em um comunicado à imprensa.

Quanto mais oprimidos, mais resistência

Apesar da intimidação, 250 pontos de votação funcionaram e o pleito aconteceu pacificamente. Em última análise, a repressão ao estilo chinês pelas autoridades pode ter tido o efeito oposto do que o esperado.

"Quanto mais eles tentam nos intimidar, mais nos encorajam a nos expressar. É a impressão que eu tenho. Na noite de sexta-feira, as pessoas pareciam muito determinadas a sair para votar hoje, justamente por causa de toda essa intimidação ", disse Emmy Leung, voluntária que trabalhava numa dos locais de votação.

"Quanto mais oprimido, mais o povo de Hong Kong resiste", completou o ativista pró-democracia Benny Tai, professor de direito e co-organizador das primárias.