BEA inicia análise de caixas-pretas do Boeing ucraniano derrubado pelo Irã
A BEA, a agência civil de aviação francesa, iniciou nesta segunda-feira (20) a análise das caixas-pretas do avião ucraniano que foi derrubado em 8 de janeiro deste ano pelo Irã. A catástrofe deixou 176 mortos.
Alguns dias depois do ataque perpretado pelas forças americanas, que culminou na morte do general iraniano Qassem Soleimani, a tensão cresceu na região. No dia 8 de janeiro, a defesa aérea iraniana estava em seu estado de alerta máximo e disparou dois mísseis por engano, atingiram por engano um Boeing ucraniano que tinha acabado de decolar do aeroporto de Teerã.
Na época, o governo iraniano publicou um relatório atribuindo a queda da aeronave a um "erro humano", provocado por um radar que estaria mal regulado. A Ucrânia questiona essa versão e acusa as autoridades iranianas de esconder a verdade.
A análise das caixas-pretas, que registram as conversas dos pilotos e os parâmetros do voo, poderá esclarecer o que de fato aconteceu. De acordo com o vice-ministro iraniano dos Negócios Legais e Internacionais, Mohsen Baharvand, elas foram enviadas a Paris por um juiz e representantes da aviação civil. O BEA possui um dos poucos laboratórios do mundo com capacidade técnica para recuperar caixas-pretas danificadas e obter os dados registrados.
Segundo Jean Serrat, ex-comandante de bordo e especialista em Aeronáutica , o exame detalhado do equipamento será feito por uma equipe internacional de cerca de 20 pessoas e permitirá esclarecer as circunstâncias exatas da tragédia.
"Precisamos lembrar que há duas caixas-pretas no avião", disse ao repórter Eliott Brachet, da RFI. A primeira, o FDR (Flight Data Recorder), grava todas as ocorrências técnicas: o funcionamento dos motores, pressão do óleo, pressurização da cabine, altitude do avião, velocidade ou posição da aeronave.
A segunda caixa-preta é o CVR (Cockpit Voice Recorder), que registra todos os sons dentro do cockpit, incluindo as conversas entre o comandante e os co-pilotos e os diálogos com a torre de controle.
Segundo ele, esse exame detalhado do equipamento é essencial para confirmar se o o incidente foi premeditado ou não. "Será que o avião foi derrubado porque representava uma ameaça para uma base militar iraniana ou há outro motivo? Esta é a questão é fundamental."
Neutralidade na investigação
O acidente provou uma tensão diplomática forte entre o Irã e a Ucrânia, que acusa Teerã de esconder a verdade. "No Irã, não há material necessário para ler as caixas-pretas, a França tinha o laboratório ideal para isso", ressalta.
Essa decisão também torna a investigação mais transparente, porque a leitura dos equipamentos é feita com várias testemunhas, formadas por um representante do Irã, do local onde está registrado o avião - nesse caso, a Ucrânia, e de onde a aeronave foi fabricada - nos Estados Unidos. "A presença de todos membros pemite transparência absoluta", insiste Jean Seurat.
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