Belarus: reeleição de Lukashenko para sexto mandato termina em morte e dezenas de feridos
O presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, venceu as eleições presidenciais com 80,23% dos votos, de acordo com os primeiros resultados oficiais divulgados hoje. O final da votação foi marcado por acusações de fraude e protestos da oposição que terminaram em violência e um morto em Minsk.
De acordo com as informações divulgadas pela Comissão Eleitoral de Belarus, a principal rival de Lukashenko, a opositora Svetlana Tikhanovskaya, obteve 9,9% dos votos. Os outros três candidatos teriam reunido menos de 2% dos votos.
Tikhanovskaya, ex-professora de inglês e novata na vida política, fez um apelo na manhã desta segunda-feira para que Loukashenko ceda o poder. Na véspera, a candidata, que substituiu o marido Serguei Thikanovski, preso durante a corrida presidencial, afirmou que a maioria dos cidadãos apoiava sua candidatura. Seus comícios reuniram milhares de pessoas em todo o país.
"O governo deve refletir sobre como nos ceder o poder. Eu me considero vencedora dessas eleições", afirmou em coletiva de imprensa nesta manhã. Tikhanovskaya também denunciou a repressão aos protestos na noite anterior.
Antes da candidatura de Tikhanovskaya, o presidente de 65 anos eliminou seus principais concorrentes: dois deles estão presos, um terceiro está no exílio.Três outros candidatos estavam concorrendo, mas nenhum conseguiu mobilizar o eleitorado.
Belarus não realiza uma votação considerada livre desde 1995. Em diversas ocasiões, manifestações foram reprimidas à força e com pesadas penas de prisão. Para esta eleição presidencial, Minsk não convidou observadores da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE), organismo voltado para a promoção da democracia, o que não ocorria desde 2001.
Nesta manhã, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, condenou as violências e fez um apelo por uma contagem "exata" dos votos. "O assédio e a repressão dos manifestantes pacíficos não tem lugar na Europa. Peço que as autoridades de Belarus atentem para que os votos da eleição de ontem sejam contados e publicados com exatidão", afirmou em uma mensagem publicada no Twitter.
Um morto e dezenas de feridos nos protestos
Na noite ontem, milhares de partidários da oposição se reuniram na capital Minsk e em outras cidades do país para protestar contra uma pesquisa de boca de urna que apontava Lukashenko como o vencedor, com cerca de 80% dos votos. As forças de ordem foram enviadas para dispersar os manifestantes e atos de violência foram registrados. Imagens de televisão mostram cenas de repressão e policiais agredindo os manifestantes.
De acordo com a ONG de defesa dos direitos humanos Viasna, ao menos 200 pessoas — entre militantes, jornalistas e observadores independentes — foram presos nos protestos. Um homem morreu e dezenas ficaram feridas nos confrontos com a polícia. Muitos participantes das mobilizações tiveram de ser hospitalizados.
Na manhã desta segunda-feira, o Ministério do Interior bielorrusso informou que três mil manifestantes foram presos, desmentindo qualquer excesso por parte das forças de ordem. Para o governo, os protestos não foram autorizados e não houve nenhuma morte.
Já o presidente classificou os manifestantes de "ovelhas" manipuladas por opositores no exterior. Lukashenko também declarou que não deixará que o país seja "despedaçado".
Reações internacionais
A Polônia pediu a realização de uma cúpula extraordinária da União Europeia sobre a situação de Belarus. "As forças de ordem utilizaram a violência contra os cidadãos que reclamam mudanças no país. Devemos apoiar o povo bielorusso em sua busca por liberdade", declarou em comunicado o primeiro-ministro polonês, Mateusz Morawiecki.
A Alemanha também expressou "sérias dúvidas" sobre as eleições de domingo.
O presidente russo Vladimir Putin enviou um "telegrama de felicitações" a Lukashenko. "Conto que sua ação à frente do Estado permita o desenvolvimento futuro de relações russo-bielorrussas mutuamente vantajosas", escreveu Putin ao presidente de Belarus, de acordo com o Kremlin.
Lukashenko também recebeu uma mensagem de felicitações do presidente da China, Xi Jinping.
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