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Aquecimento global dobrou número de catástrofes naturais no mundo, diz ONU

12/10/2020 10h42

A mudança climática é a principal responsável pela duplicação dos desastres naturais no mundo nos últimos vinte anos, alertou a ONU nesta segunda-feira (12). De acordo com a organização, as catástrofes naturais mataram mais de 1,2 milhão de pessoas desde 2000.
 

Durante os últimos vinte anos (2000-2019), 7.348 desastres naturais foram registrados no mundo, ou seja, quase o dobro entre 1980 e 1999, revela um relatório da iniciativa Estratégia Internacional das Nações Unidas para a Redução de Desastres (UNSDIR).

"A Covid-19 realmente sensibilizou os governos e o público em geral sobre os riscos que nos cercam. Eles perceberam que se a Covid-19 é tão terrível, a emergência climática pode ser ainda pior", declarou a secretária-geral da UNSDIR, Mami Mizutori, em entrevista coletiva. "Sem uma recuperação verde, só aumentaremos a emergência climática", insistiu. 

O relatório, que não cobre riscos epidemiológicos como o coronavírus, mostra que a progressão dos desastres naturais está ligada principalmente ao aumento das catástrofes climáticas, que passaram de 3.656 (1980-1999) para 6.681 (2000-2019). "Somos conscientemente destrutivos. Esta é a única conclusão a que se pode chegar ao revisar os desastres que ocorreram nos últimos vinte anos", disse Mizutori.

Os custos dos desastres naturais foram estimados em pelo menos quase 3 trilhões de dólares desde 2000, mas o valor real é superior porque um grande número de países, especialmente na África e na Ásia, não fornece informações sobre o impacto econômico. As inundações - que dobraram - e tempestades foram as catástrofes mais frequentes nas últimas duas décadas. Para a próxima década, a ONU acredita que o pior problema será ondas de calor.

Ásia, a região mais afetada

Globalmente, o número de mortes quase não aumentou, passando de 1,19 milhão, no período 1980-1999, para 1,23 milhão, no período 2000-2019. O número de pessoas afetadas por esses desastres naturais aumentou de 3,25 bilhões para 4 bilhões. "Mais vidas estão sendo salvas, mas mais pessoas são afetadas pela crescente emergência climática. O risco de desastres está se tornando sistêmico", ressaltou Mizutori, conclamando o mundo a seguir as recomendações dos cientistas e a investir em programas de prevenção e adaptação às mudanças climáticas.

A Ásia - onde estão oito dos dez países com o maior número de desastres - é a região mais afetada, seguida pelas Américas e pela África. China e Estados Unidos são os países que relataram mais desastres, seguidos pela Índia, Filipinas e Indonésia. Esses países têm densidades populacionais relativamente altas em áreas de risco, aponta o relatório.

Os anos de 2004, 2008 e 2010 foram os mais devastadores, com mais de 200.000 mortes em cada um desses anos. O tsunami de 2004 no Oceano Índico foi o mais mortal, com mais de 220.000 vítimas fatais. O segundo maior evento ocorreu em 2010 no Haiti, quando um terremoto de magnitude 7 na escala Richter matou mais de 200.000 pessoas e feriu mais de 300.000. Em 2008, o ciclone Nargis deixou cerca de 138.000 mortos após sua passagem por Mianmar.

O relatório também observa que o número médio de mortes em todo o mundo, entre 2000 e 2019, foi de cerca de 60.000 por ano e que, desde 2010, não houve nenhum "mega-desastre" (mais de 100.000 mortes).

(Com informações da AFP)