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Alemanha: partido de Merkel sofre derrota em eleições regionais e Verdes avançam

O partido conservador da chanceler alemã sofreu uma dura derrota em duas eleições regionais - Michael Kappeler/Pool/AFP
O partido conservador da chanceler alemã sofreu uma dura derrota em duas eleições regionais Imagem: Michael Kappeler/Pool/AFP

15/03/2021 06h50

O partido conservador da chanceler alemã, Angela Merkel, enfraquecido pela crise sanitária e um escândalo financeiro, sofreu uma dura derrota em duas eleições regionais ontem, seis meses antes das legislativas, de acordo com resultados ainda não definitivos.

A União Democrática Cristã (CDU) registrou "um desastre" eleitoral, segundo o jornal Die Zeit. A "derrota" mostra que a situação "não poderá continuar assim", segundo a revista Der Spiegel. Nas regiões de Baden-Württemberg e Renânia-Palatinado, o partido conservador teria obtido o pior resultado de sua história, segundo as projeções de boca de urna das emissoras ARD e ZDF, divulgadas durante a noite.

Em Baden-Württemberg, a CDU obteve 24,1% dos votos, contra 27% obtidos há cinco anos. Na Renânia-Palatinado, o partido de Merkel conquistou entre 27,7% dos eleitores, contra 31,8% em 2016, segundo ARD e ZDF.

Os conservadores não eram vistos como favoritos nesses dois estados regionais, liderados respectivamente pelos Verdes e pelo Partido Social-Democrata (SPD). Com o resultado, eles registram um retrocesso considerável a seis meses das eleições legislativas de 26 de setembro, que marcará o fim do governo de Angela Merkel no país.

As revelações sobre o chamado "caso das máscaras" e as críticas crescentes à gestão da crise de saúde anunciavam "sombrias perspectivas" eleitorais para os conservadores, de acordo com o jornal popular Bild.

O CDU atravessa "sua crise mais grave" desde o chamado escândalo das caixas pretas de Helmut Kohl, no final dos anos 1990, estimam muitos cientistas políticos. Dois deputados são acusados de terem recebido comissões pela compra de máscaras no início da pandemia do coronavírus, prejudicando a imagem do partido.

Neste domingo à noite, o secretário-geral da CDU, Paul Ziemiak, disse que a sigla terá "tolerância zero" com "qualquer membro que tente enriquecer durante a crise". Segundo Ziemiak, o escândalo da máscara "teve um forte impacto" nos resultados das eleições regionais.

Verdes e SPD na frente

Cerca de 11 milhões de eleitores votaram nas eleições parlamentares regionais. Em Baden-Wurtemberg, uma região próspera e coração da indústria automobilística alemã, a vitória anunciada dos Verdes oferecerá um terceiro mandato a Winfried Kretschmann, de 72 anos, o único ambientalista que governa uma região no país.

A coalizão com a CDU, que ele dirige há cinco anos, é o esboço de uma possível aliança nacional entre esses dois partidos nas eleições de setembro.

Os Verdes, que teriam vencido com cerca de 31% dos votos, terão uma boa margem para negociar uma nova aliança, com a CDU, o partido social-democrata ou os liberais. Na região Renania-Palatinado, vizinha da França, Bélgica e Luxemburgo, o partido da chanceler, após três décadas de dominação social-democrata, ficou muito atrás nas urnas da atual líder da região, Malu Dreyer, que obteve cerca de 34% dos votos e renovará seu mandato.

Fartos das restrições

Merkel, que esperava deixar o poder no auge de sua popularidade, vê seus planos contrariados pelas dificuldades da CDU e de seu aliado bávaro CSU. Dois deputados, Georg Nüsslein (CSU) e Nikolas Löbel (CDU), abandonaram nos últimos dias seus partidos respectivos por suspeitas de terem enriquecido graças à epidemia, ao agirem como intermediários com fabricantes na compra de máscaras.

Em outra polêmica, o conservador Mark Hauptmann renunciou na quinta-feira (11) ao seu mandato depois de ser acusado de colocar publicidade do Azerbaijão no jornal regional que dirige.

Vacinação lenta

Em uma tentativa de apagar o incêndio, CDU e CSU deram o prazo até sexta-feira à noite aos seus parlamentares para declararem eventuais lucros com a epidemia. A polêmica chega no pior momento para os conservadores, que devem designar em breve seu candidato para a chancelaria.

Armin Laschet, novo líder da CDU, aspira suceder Merkel, embora o presidente de Baviera, Markus Söder, possa ter a mesma ambição. As dificuldades de obtenção das vacinas contra a covid-19 só têm acentuado o descontentamento, tendo como pano de fundo o aumento das infecções nos últimos dias. As autoridades de saúde não escondem sua preocupação com o possível início de uma terceira onda de contágios no país.

(Com informações da AFP)