Manifestantes em Mineápolis protestam pela segunda noite consecutiva contra morte de jovem negro
Mineápolis viveu uma segunda noite de protestos nesta terça-feira (13), apesar do início do toque de recolher na cidade americana, agitada pela morte supostamente acidental de um jovem negro por uma policial, em meio ao julgamento do ex-policial acusado pela morte de George Floyd, que mantém os Estados Unidos sob suspense. Daunte Wright foi morto por uma agente da polícia no domingo (11).
O presidente americano, Joe Biden, pronunciou-se mais cedo sobre o ocorrido no fim de semana, dizendo que manifestações pacíficas são compreensíveis, mas que não há "absolutamente nenhuma justificativa" para violências.
Após os protestos da noite de domingo, o prefeito de Mineápolis, Jacob Frey, decretou toque de recolher, que entrou em vigor às 19h desta segunda-feira (12) também na vizinha Saint Paul e nos três condados da região metropolitana, incluindo Hennepin, onde ocorreu o incidente.
Morte "acidental"
Wright, 20 anos, foi morto a tiros por "acidente" enquanto dirigia no domingo pelo Brooklyn Center, um subúrbio de Mineápolis, segundo a polícia. Os agentes haviam ordenado que o motorista do veículo parasse por uma infração de trânsito. Quando descobriram que ele tinha um mandado de prisão pendente, tentaram prendê-lo.
O jovem desobedeceu a ordem de deixar o carro e seguiu no automóvel. A policial Kim Potter gritou "taser" (pistola elétrica de imobilização) e atirou. A policial acusada tem carreira de 26 anos e foi suspensa.
Ao toque de recolher se soma a mobilização de mil soldados da Guarda Nacional, para evitar novos tumultos. Ignorando a ordem da prefeitura, dezenas de manifestantes continuaram agitando cartazes e cantando palavras de ordem sob a chuva, em frente à delegacia de Brooklyn Center City.
"Não consigo respirar"
Essa nova morte de um cidadão negro pelas mãos da polícia reacendeu o trauma de uma cidade que sofreu várias noites de incidentes após a morte de George Floyd, em 25 de maio de 2020. Na noite de domingo, a polícia disparou gás lacrimogêneo para dispersar uma multidão que se reunia em frente à delegacia do Brooklyn Center.
Após os incidentes, a defesa do ex-agente acusado pela morte de Floyd, Derek Chauvin, pediu ao juiz que conduz o processo que isolasse o júri, preocupado que as manifestações pudessem influenciar sua decisão. Mas tanto a promotoria quanto o juiz se recusaram a fazê-lo. "Vamos isolá-los na segunda-feira, quando antecipamos as alegações finais", informou o magistrado.
Chauvin enfrenta acusações de homicídio culposo e doloso em segundo grau por seu papel na morte de Floyd, após imobilizá-lo colocando o joelho sob seu pescoço quando ele havia sido preso por supostamente ter feito um pagamento com uma nota falsa
Vários vídeos mostram Chauvin pressionando o pescoço de Floyd por mais de nove minutos enquanto ele repetidamente lhe diz que não consegue respirar. As imagens desencadearam uma onda de protestos contra o racismo e a brutalidade policial nos Estados Unidos e no mundo.
A promotoria busca provar que a morte de Floyd foi causada por asfixia por parte da ação de Chauvin durante a prisão, e, para isso, convocou vários médicos a depor. Já a defesa argumenta que o óbito está relacionado ao fentanil encontrado em seu sangue, que se soma a fatores de saúde.
O cardiologista Jonathan Rich testemunhou que a morte ocorreu devido aos baixos níveis de oxigênio induzidos pela "asfixia posicional" a que foi submetido. "Não vejo nenhuma evidência de que uma overdose de fentanil tenha causado a morte de Floyd", ressaltou Rich.
A poderosa organização de direitos civis ACLU afirmou que a morte de Wright foi uma das 260 causadas pela polícia até agora em 2021. "O que precisa acontecer para que a polícia pare de matar pessoas de cor?", perguntou em um comunicado Ben Crup, o advogado da família Floyd, que também representará os parentes de Wright.
(Com informações da AFP)
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