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Variante Delta da Covid leva a mais restrições pelo mundo e a recorde de mortes em Moscou

27/06/2021 11h36

A disseminação da variante Delta do coronavírus provoca o retorno das restrições em países como Tailândia, Malásia e Austrália, para conter os surtos de contágio. Na Rússia, a cepa, identificada pela primeira vez na Índia, é responsável por um recorde de mortes em 24 horas.

A melhora do cenário graças ao avanço da vacinação, em especial nos países desenvolvidos, é ameaçada pela propagação da variante Delta, considerada a mais contagiosa das detectadas até agora e presente em pelo menos 85 países, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Esta cepa provoca a terceira onda que afeta desde meados de junho a Rússia, o sexto país com mais mortes por Covid-19, atrás de Estados Unidos, Brasil, Índia, México e Peru.

Moscou registrou neste domingo o dia mais letal desde o início da pandemia de coronavírus, com 144 mortes nas últimas 24 horas. No sábado, a segunda maior cidade do país, São Petersburgo, havia anunciado o recorde de 107 óbitos.

Os efeitos da variante, especialmente contagiosa entre as pessoas não imunizadas, provocam a intensificação dos esforços das autoridades russas para convencer os cidadãos céticos a tomar a vacina. "Para frear a pandemia precisamos de uma coisa: vacinação rápida e em larga escala. Ninguém inventou outra solução", afirmou no sábado o prefeito de Moscou, Serguei Sobianin.

Fechamentos, de novo

A pandemia já provocou mais de 3,91 milhões de mortes no mundo e quase 181 milhões de infectados. A variante Delta está provocando novos surtos em países do sudeste asiático e na Austrália, que parecia ter deixado para trás a pandemia com sua política de fechamento de fronteiras e prevenção rigorosa do vírus.

Mais de cinco milhões de residentes de Sydney iniciaram neste sábado (26) duas semanas de confinamento rígido após a detecção de mais de 110 casos de covid-19, vinculados à tripulação de um voo internacional. Restaurantes, bares e cafés estão fechados e os cidadãos devem permanecer em casa, o que deixou o centro da cidade praticamente deserto.

"Meu trabalho evaporou da noite para o dia", lamentou Blain Cuneen, um músico de 27 anos que vive de apresentações, sessões de estúdio e das aulas para seus alunos. "Tudo começava a funcionar de forma quase normal. De repente, recebi vários e-mails e mensagens cancelando tudo", disse à AFP.

Medidas similares foram adotadas em países do sudeste asiático, também expostos à cepa que provocou estragos entre abril e maio na Índia. A Tailândia vai retomar a partir de segunda-feira as restrições em restaurantes, o setor da construção e para reuniões na capital Bangcoc, onde o vírus está se expandindo principalmente no círculo de expatriados. Os encontros voltam a ser limitados a no máximo 20 pessoas.

Na vizinha Malásia, o governo anunciou a prorrogação do confinamento decretado há um mês. Na mesma região, Bangladesh inicia na segunda-feira um confinamento severo para evitar "uma situação parecida com a da Índia", com a qual compartilha fronteira, afirmou no sábado o porta-voz do ministério da Saúde, Robed Amin.

Cães equatorianos contra a Covid

A região mais afetada do mundo pela pandemia continua sendo a América Latina e Caribe, com mais de 1,26 milhão de mortes e mais de 37 milhões de casos. O Brasil foi o país que registrou mais mortes no planeta nas últimas 24 horas (1.593), seguido por Índia (1.258) e Colômbia (693).

Novas estratégias são adotadas para lutar contra o vírus, inclusive aperfeiçoar o olfato dos cães para detectar a infecção o mais cedo possível, como acontece no Equador. No hospital Pablo Arturo Suárez de Quito, bombeiros franceses estão adestrando 15 cães, especializados em localização de pessoas, explosivos e drogas. Os animais são treinados para rastrear bolas de algodão impregnadas com o suor de infectados de Covid-19.

"O objetivo é que eles possam reconhecer a presença da Covid-19, sobretudo em pacientes assintomáticos e em locais de grande concentração", afirmou Denis Maigua, do Serviço de Gestão de Riscos de Equador.

Participantes dos Jogos Olímpicos em isolamento

A chegada ao Japão de uma delegação de Uganda potencialmente contaminada pelo coronavírus levou a organização dos Jogos Olímpicos, previstos a partir de 23 de julho, a decretar isolamento imediato de toda uma equipe, se um de seus membros estiver positivo para a Covid-19. "Vamos adotar imediatamente um sistema para isolar e testar antes mesmo de determinar" se uma pessoa esteve em contato com um caso positivo, explicou Hidemasa Nakamura. Ela afirma que "é altamente provável que as pessoas terão tido contato próximo com um infectado se viajaram no mesmo avião".

As declarações acontecem dois dias depois de dois integrantes de uma delegação de nove ugandenses testarem positivo após desembarcarem no Japão. Um deles foi detectado no aeroporto, mas o restante da equipe partiu normalmente, de ônibus, para um hotel em Izumisano. O segundo caso só foi identificado posteriormente.

Com informações da AFP