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Afeganistão: ONU alerta sobre aumento de vítimas civis em 2021

26/07/2021 11h40

Um novo recorde no número de vítimas civis foi alcançado, e a Missão de Assistência das Nações Unidas no Afeganistão (Manua) emite seu sinal de alerta. O relatório da Manua observa com preocupação um aumento particularmente acentuado no balanço de mortos e feridos desde maio, quando as forças militares internacionais começaram a se retirar do país e os conflitos aumentaram após a ofensiva do Talibã.

Por Sonia Ghezali, correspondente da RFI em Cabul

De acordo com o relatório da Missão de Assistência das Nações Unidas no Afeganistão, nos últimos seis meses foram registradas 5.183 vítimas civis do conflito (1.659 mortos e 3.254 feridos), um aumento de 47% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Mulheres e crianças correspondem a quase metade das vítimas civis durante o primeiro semestre deste ano de 2021, de acordo com o relatório. Entre as 5.183 vítimas, 32% são crianças e 14% são mulheres. A missão da ONU no Afeganistão nunca registrou números tão preocupantes desde 2009, quando começou o censo das vítimas civis do conflito no país.

As forças antigovernamentais, como o Talibã, o Estado Islâmico e outros grupos armados, são responsáveis ??por 64% das vítimas civis,e as forças governamentais por 25%. Esta é a primeira vez em onze anos que nenhuma vítima civil por ação das forças estrangeiras foi registrada.

Mais mortes se a violência não for interrompida

"O relatório dá um aviso claro de que um número sem precedentes de civis afegãos morrerá ou será mutilado este ano se a escalada de violência não for interrompida", alertou Deborah Lyons, representante especial do secretário-geral da ONU para o Afeganistão, implorando aos talibãs e ao governo que deem atenção à mensagem alarmante enviada por este relatório da Manua sobre as vítimas civis.

A violência se intensificou nos últimos dois meses na região. Os talibãs estão empreendendo ofensivas em grande escala contra as forças do governo, que impuseram toques de recolher em 31 das 34 províncias para controlar o movimento noturno dos insurgentes.