Contratação de Messi é estratégia para alavancar soft power do Catar
O craque argentino Lionel Messi não poderia esperar uma acolhida mais calorosa no clube francês Paris Saint-Germain. Ele mesmo classificou as suas primeiras horas na capital francesa como "uma loucura".
Por Paloma Varón
Ao falar pela primeira vez na sede do clube parisiense, Messi saudou o time fantástico no qual entrou e falou de seus companheiros de ataque, sue amigos Neymar e Di María e o jovem Kylian Mbappé. Mas, enquanto não entra em campo pra valer, o investimento na marca Messi já começou a render dividendos ao PSG, ou melhor, ao Qatar Sports Investments (QSI).
A contratação do superstar, eleva o soft power do Catar a menos de um ano da Copa do Mundo, que acontecerá no país, em 2022. Segundo o economista especialista em esporte Pierre Rondeau, o contrato de Messi é parte da estratégia de promoção do Catar.
"Não é uma política de longo termo. Aqui temos um contrato de dois anos, renovável por mais um. Messi está em fim de carreira, mas, em termos de visibilidade e de resultado midiático, de soft power para o Catar, é interessante", disse o economista.
"Sim, já podemos falar de resultados: o Catar finalmente conseguiu trazer para o seu ringue o seis vezes Bola de Ouro e um dos melhores jogadores do mundo", completou Rondeau.
Fair play financeiro
Durante a entrevista coletiva, de apresentação do jogador, o presidente do clube francês, Nasser Al-Khelaifi, explicou como driblou o obstáculo do fair play financeiro estabelecido pela UEFA.
O mecanismo das autoridades europeias de futebol visa impedir despesas excessivas dos clubes de futebol.
Ele garantiu que o clube não infringe as regras com a contratação do argentino. "Somos muito atentos às regras do fair play financeiro. A primeira coisa que fazemos é falar com nossos conselheiros comerciais, financeiros e jurídicos antes de assinar com alguém", afirmou. "Nós queríamos estar seguros de poder contratar Leo sem qualquer problema", disse o presidente do PSG.
Mas, para os torcedores que se aglomeraram no Parque dos Prícipes para ver o seu ídolo, o que importa é o troféu. É o caso dos jovens Taylor e Ilyes.
"A gente quer ver Messi jogar. A gente espera que ele nos faça superar esta etapa, a única coisa que falta ao nosso time é ganhar a Liga dos Campeões. A gente espera que seja ele que nos faça chegar lá. Ele é o melhor jogador do mundo e está no melhor clube do mundo. Não tem razão para não ganhar", acredita Taylor, de 19 anos, fã ardoroso do PSG e de Messi.
"Eu ainda não acredito que temos Messi. Este ano a gente vai ganhar o troféu da Liga dos Campeões. Não tem nada que nos impeça. É agora ou nunca", aposta Ilyes, outro torcedor que compareceu ao Parque dos Príncipes para ver o seu ídolo na quarta-feira (11), quando o jogador foi apresentado oficialmente pelo PSG.
Criptomoedas do PSG em alta
E os torcedores, mais do que nunca, têm o direito de cobrar resultados de seus clubes e ídolos.
A assinatura do contrato de Messi alavancou a venda da criptomoeda do Paris Saint-Germain. O clube francês revelou que vai pagar parte do seu salário com " fan tokens" ou tokens do torcedor, os ativos criptográficos do PSG.
Essa forma especulativa de financiamento se espalhou durante a pandemia em muitos clubes de futebol, devido à redução de outras receitas, como televisão ou ingressos para o estádio.
Para a advogada Angela Cubillos, os fan tokens têm duas vantagens principais:
"Eu identifico dois benefícios para as organizações de futebol. O primeiro é um sistema de governança. Este sistema pode ser atrativo porque vai permitir a inclusão dos torcedores nas decisões do clube. Eles vão comprar os tokens e vão receber benefícios, uma contrapartida, como acesso a eventos exclusivos, entradas gratuitas ou por sorteio, encontro com os jogadores...", disse.
Segundo Cubillos, "é uma característica muito importante do sistema de blockchain, que permite a descentralização da tomada de decisões". Um sistema de governança aberto.
E o segundo benefício, explica a advogada, é que a participação dos torcedores vai permitir ao clube o financiamento dos salários dos jogadores. "Como é o caso de Messi, com salários altíssimos. Parte do salário de Messi vai ser pago pelos torcedores. É um sistema de colaboração em termos de governança e em termos financeiros."
A imprensa francesa afirma que o saláriodo craque argentino é estimado entre € 35 milhões e € 40 milhões por ano, o equivalente entre R$ 212 milhões e R$ 240 milhões.
Messi já ganhou quatro vezes a Liga dos Campeões com o Barcelona, mas, durante a coletiva de imprensa na última quarta-feira (11), foi prudente: "Não é fácil vencer a Liga dos Campeões. Você pode ter a melhor equipe do mundo e não ganhar nada", disse o craque.
O desafio agora é erguer a taça com a camisa do PSG para justificar o alto investimento e a euforia da torcida.
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