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Emmanuel Macron agradece ajuda do Catar na retirada de 300 pessoas do Afeganistão

04/12/2021 10h56

O presidente francês, Emmanuel Macron, saudou neste sábado (4) a ajuda do Catar na organização da retirada de 258 afegãos "ameaçados por seus engajamentos", principalmente jornalistas, ou "por suas ligações com a França", que serão repatriados para o território francês depois de passar por Doha.

"Agradeço ao Catar pelo papel que desempenhou desde o início da crise e que permitiu organizar diversos resgates", declarou Macron, que se encontrou com o emir xeique Tamim ben Hamad Al-Thani na noite desta sexta-feira (3), durante seu giro pelos países do Golfo.

Uma aeronave fretada por Paris retirou os 258 afegãos, "incluindo ex-funcionários civis de recrutamento local de nossos exércitos", anunciou sexta-feira o Ministério das Relações Exteriores da França. Onze franceses e cerca de 60 holandeses e seus familiares também foram retirados no mesmo voo.

De acordo com Paris, "desde 10 de setembro, 110 franceses e seus familiares, assim como 396 afegãos que deveriam ser colocados em proteção, foram retirados em dez voos organizados pelo Catar". "Vamos continuar", disse Emmanuel Macron.

O presidente francês afirmou ainda que estaria em curso uma discussão entre diversos países europeus sobre criarem conjuntamente um espaço de representação em Cabul, em função da saída dos embaixadores, desde a tomada da capital em agosto pelas mãos do Talibã.

Luta contra o terrorismo

Macron também discutiu com o emir Al-Thani questões da luta contra o terrorismo e o financiamento do culto muçulmano na França, insistindo na "necessidade de proteger a prática religiosa de qualquer forma de instrumentalização", de acordo com uma nota do Eliseu. "A cooperação bilateral melhorou muito", acrescentou o líder francês.

Ele também discutiu sobre os preparativos para a Copa do Mundo de 2022 no Catar e a questão da legislação trabalhista no país, pedindo "a continuidade do diálogo sobre esse assunto, que já permitiu reformas importantes", informa ainda o comunicado.

Relatórios de ONGs acusam o Catar de explorar trabalhadores estrangeiros, especialmente na construção de estádios. O país rejeita veementemente essas críticas, destacando que reformou sua legislação trabalhista e introduziu um salário mínimo.

O presidente francês é esperado neste sábado em Jeddah, grande cidade portuária da Arábia Saudita, para um delicado encontro com o príncipe herdeiro Mohammed ben Salman, cuja imagem internacional foi fortemente manchada por ser acusado pelo assassinato, em 2018, do jornalista turco Jamal Khashoggi.

Operação humanitária

Desde a queda de Cabul para o Talibã e a saída dos americanos em agosto, muitos países retiraram seus cidadãos do Afeganistão, assim como afegãos ameaçados por terem servido a interesses estrangeiros nos últimos anos.

De 2001 a 2014, 770 funcionários civis recrutados localmente colaboraram com o exército francês como intérpretes, motoristas ou empregadas domésticas no Afeganistão. Seu destino também foi objeto de muitas polêmicas durante anos, com seus apoiadores acusando a França de ter falhado em seu dever de protege-los, por hesitarem em lhes conceder vistos.

Por outro lado, a França anuncia que enviou ao Afeganistão, em colaboração com a Força Aérea do Catar, cerca de 40 toneladas de equipamentos médicos, alimentos e insumos de inverno destinados a organizações internacionais presentes no país e principalmente ao Instituto Médico para a Mãe e a Criança, em Cabul.

(Com informações da AFP)