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Cúpula One Ocean Summit chega ao fim da França, sob protestos de ONGs

11/02/2022 08h33

Cerca de 80 países, representando mais de metade das zonas marítimas mundiais, participam nesta sexta-feira (11) do encerramento do One Ocean Summit, cúpula de três dias sobre a preservação dos oceanos, na cidade de Brest, na França. 

A conferência conta com a presença de 40 líderes políticos. Entre eles, a presidente da Comissão Europeia, Ursula van der Leyen, o secretário especial de Meio Ambiente americano, John Kerry, e presidentes de países como Portugal, Egito ou Colômbia - o único da América Latina a prestigiar o evento.

"Os Estados Unidos e a França permanecem comprometidos com as próximas gerações", celebrou Kerry, na abertura da cúpula esta manhã, a respeito de um acordo contra a poluição dos oceanos por plásticos, que deve ser firmado entre os dois países, donos dois maiores domínios marítimos do planeta. Ele ressaltou ainda a importância dos oceanos para a regulação do clima no planeta e o cumprimento dos pactos globais de queda de emissões de gases de efeito estufa.

"Nós precisamos reduzir imediatamente as emissões do setor de transportes marítimos internacionais, como nos comprometemos na COP26 em Glasgow", frisou.

Outras lideranças, como o chanceler alemão, Olaf Scholz, o britânico Boris Johnson e o indiano Narendra Modi enviaram mensagens de vídeo para reforçar o compromisso com o tema, assim como secretário-geral da ONU, António Guterrez. As imagens estão sendo exibidas ao longo do dia.

Brasil ausente

O Brasil, embora detenha a 15ª maior costa do mundo, está ausente dos debates. O Ministério do Meio Ambiente e o das Relações Exteriores não retornaram os pedidos de entrevista da RFI a respeito das negociações internacionais sobre o assunto. 

Uma declaração, denominada "Compromissos de Brest pelos oceanos", será assinada pelos países participantes e revelada nesta tarde, ao final das reuniões. Um dos focos será a preservação da biodiversidade marinha, um tema no qual a presidência francesa busca um compromisso internacional de aumento para 30% das áreas marinhas protegidas. Os líderes também se engajarão a favor de um tratado pela proteção do alto mar

Harrison Ford interpreta o oceano

Um vídeo na voz do ator Harrison Ford, engajado nas questões ambientais, mostrou imagens dos oceanos em primeira pessoa, advertindo que quem mais vai perder com a degradação dos ecossistemas marinhos são os próprios humanos. "Eu cobri esse planeta inteiro certa vez, e posso fazê-lo de novo", disse "o oceano".

Nos primeiros dois dias de evento, o One Ocean Summit recebeu ministros, cientistas, empresários e membros de organizações não governamentais e das Nações Unidas. O evento é o primeiro de uma série de reuniões multilaterais que ocorrem em 2022 sobre a proteção e a governança dos oceanos.

A próxima é no fim do mês, em Nairobi, e deve chegar a um acordo internacional pela redução dos plásticos. Na sequência, as negociações avançam na ONU, em Nova York, para um tratado sobre o alto mar, antes da COP da Biodiversidade das Nações Unidas, na China, em abril, e outra cúpula específica sobre a governança dos oceanos em Lisboa, em junho.

ONGs denunciam "blue washing"

Do lado de fora da One Ocean Summit, organizações não governamentais realizam um protesto e denunciam que o evento não passa de"blue washing", ou seja, propaganda com belos discursos, mas poucas ações concretas. O Greenpeace, por exemplo, afirma que a França, poderia fazer mais pela causa, no papel de detentora do segundo maior domínio marítimo mundial, atrás dos Estados Unidos.

"Temos o dever de limitar a pesca excessiva, mas hoje, a União Europeia é a zona que mais importa peixes. A metade deles vem de países em desenvolvimento", critica Lamia Essemlali, presidente de Sea Shepherd na Europa, durante a manifestação. 

A coalisão Seas at Risk lembrou que golfinhos são "massacrados" nas costas francesas, presos nas redes e aparelhos de pesca, enquanto a ONG France Nature Environnement demonstra preocupação com a exploração do fundo do mar, cobiçado pela indústrias farmacêutica e cosmética pela riqueza de seus minerais.