Estados brasileiros já se preparam para acolher refugiados, diz líder da comunidade ucraniana
Quem informa é Vitorio Sorotiuk, presidente da Representação Central Ucraniano-Brasileira, com sede em Curitiba. Prefeitos dos estados de São Paulo, Paraná e Santa Catarina se mobilizam para receber os refugiados que fogem da guerra provocada pela Rússia. Eles serão acolhidos pela histórica comunidade ucraniana do Brasil, a maior da América Latina, com cerca de 600 mil descendentes.
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"Começamos a chegar no Brasil por volta de 1891", lembra Vitorio Sorotiuk, presidente da Representação Central Ucraniano-Brasileira, com sede em Curitiba. "Nos anos de 1895 e 1896 vieram muitos navios trazendo imigrantes ucranianos, partindo basicamente do leste da Ucrânia, naquela época ainda dentro do império Austro-Húngaro", relata. "Essa imigração massiva aconteceu devido à crise agrária na Europa naquele período. Muita gente e pouca terra para o trabalho. E aí o Brasil, interessado em criar essa nova atividade agrícola, pagava até a passagem para os imigrantes virem", aponta Sorotiuk.
"Com isso os ucranianos se instalaram aqui e foram construindo escolas, cooperativas e igrejas. Hoje temos quase 300 igrejas de cúpulas bizantinas no sul do país, com a característica da nossa colonização", diz. "Certos artesanatos como a pêssankas, que é a arte de pintar ovos, hoje é um produto de venda turística aqui no sul", orgulha-se o presidente da representação.
Sorotiuk lembra do esforço ucraniano de recomposição de raízes depois de guerras históricas. "A luta da Ucrânia para constituir seu Estado-nação, depois da invasão mongol, no século XIII, foi um grande esforço, a construção do Estado cossaco, depois o acordo com a Rússia, a política de dominação, foi uma luta de muitos séculos até se formar o Estado-nação ucraniano. A Ucrânia nasce como Estado-nação independente no bojo da Revolução Russa", lembra.
Bolsonaro ignorou pedido da comunidade de descendentes ucranianos no Brasil
No dia 31 de janeiro, a representação Ucraniano-Brasileira tentou, em vão, acionar a Presidência da República brasileira para pedir ajuda aos brasileiros residentes na Ucrânia que têm intenção de deixar o país. "Nós protocolamos oficialmente junto à Presidência um ofício onde colocamos que nossa comunidade de centenas de milhares de descendentes já estava sofrendo com o cerco patrocinado pela Rússia à Ucrânia", afirma.
"Não éramos contra o Bolsonaro visitar o Putin, mas esperávamos que ele levasse ao presidente russo o sofrimento da nossa comunidade. Em segundo lugar, queríamos que ele levasse a mensagem do artigo 4° da Constituição brasileira, pela autodeterminação dos povos, pela não-intervenção e pela defesa da paz e solução pacífica dos conflitos", argumenta. "Pedimos ao presidente do Brasil que ele visitasse também o [presidente ucraniano Volodimir] Zelensky, como fez o Macron', afirmou Vitor Sorotiuk.
Segundo ele, já existem previsões para receber refugiados no Brasil. "Já manifestaram apoio para receber os governos do estado de São Paulo, Paraná e de Santa Catarina. Temos mais de uma dezena de municípios com os prefeitos dispostos a receberem os refugiados. Além disso, temos apoio de Ongs especializadas em receber refugiados, que já trabalharam na recepção de tchetchenos, de venezuelanos e sírios, estão todos já no nosso sistema prontos para recepcionar os migrantes que vêm da Ucrânia. Já estamos mandando ofício ao presidente do Senado porque aviões do Brasil vão buscar brasileiros amanhã na Romênia, estamos propondo que estes aviões partam carregados de material não bélico, de ajuda humanitária", propõe.
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